domingo, 20 de dezembro de 2020

O ciclo do aro da vida.


João Terêncio noivou com Ritinha até as 21H59min, levantou-se como um enfardado em toque de alerta, bateu continência e partiu para a rua. Subiu na sua Phillips 1937, de aro 28 com pneus Dunlop com câmara, lanterna e dínamo Miller, a tempo de dar adeus, com um leve aceno, para a amada.

Tomou rumo da Avenida dos Ipês, passou pela Matriz, contornou a prefeitura, desceu a Ruinha da Víúva, atravessou o Beco do Borges e chegou na Casa Bastira, local onde os ricos, coronéis e mandatários se reuniam à noite para beber e se divertir entre e  com as moças da casa.

Era crooner e tocava Sax na banda. Nos intervalos namorava com Bendita, uma mocinha linda perdida por um doentio antro familiar. Jurava todas as as noites tira-la dali. Deu-se que apaixonou pela moça e não sabia como terminar com Ritinha, marcada para casamento dali a seis meses, no insubstituível maio.

Numa noite de estrelas e lua nova, chamou Bendita nos fundos, mostrou a rua e a bicicleta, ela sentou no quadro e fugiram para local incerto e não sabido, até chegarem no Rio de Janeiro, onde foram felizes para sempre, por alguns anos, até que reencontrou Ritinha no Cassino da Urca.

João Terêncio deu de apaixonar pela ex-noiva, que deu corda até ele se perceber envolvido com ela numa casa instalada no Meier. Numa noite de chuva e ventos fortes saiu sem rumo até se ver distante de tudo. Voltou para sua terra natal, onde já não existia mais a Casa Bastira, tudo estava abandonado, a Rua do Comércio colapsada, a casa onde nasceu e cresceu, abandonada e o mato tomando conta das praças. 

Decidiu não se apaixonar mais, até conhecer Lua Clara e viveram felizes para sempre, até ver Bendita descendo do ônibus na Praça da Matriz ...  

É isto aí!



 

 

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