Alto lá
Este poema não é meu
Confesso que copiei e colei
Autora: Noémia de Souza.
Fonte poema: Templo Cultural Delfos / Elfi Kürten Fenske
Fonte imagem: Noémia de Souza em gravura feita por João Pinheiro
Noémia de Sousa (Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares). poeta, tradutora, jornalista. Nasceu em 20 de Setembro de 1926, em Lourenço Marques (hoje Maputo), Moçambique. Sem livro publicado, rumou a Lisboa. Mais tarde, mudou-se para Paris. Regressaria a Portugal, onde foi jornalista da agência noticiosa portuguesa, em Lisboa. Morreu em 4 de Dezembro de 2002, Cascais, Portugal.
Um dia (Noémia de Souza)
Quando este nosso sol ardente de África
nos cobrir a todos com a benção do mesmo
calor,
quero ir contigo, amigo,
de mãos dadas, deslumbrados,
pelos trilhos abertos da nossa terra
estranha,
adubada com sangue e suor de séculos...
Nas machambas,
o ruído repercutido de tractor
soará como uma canção de triunfo.
Nas matas,
as tutas já não serão aves apenas
e no centro da vida,
nosso irmão negro, quebradas as grilhetas,
celebrará seu segundo nascimento
num batuque diferente de todos os outros...
Uma luz clara e doce se abrirá para todo
e nós iremos de mãos dadas, amigo,
pelos trilhos verdes de Moçambique.
Na noite,
não mais soluçarão, estertoradas,
canções marimbadas por irmãos
naufragados
(ô mamanô! Ô tatanô!),
Não mais a acusação muda dos olhos
precoces
de crianças de ventres empinados
não mais jaulas erguidas para os
inconformistas
gritando gritos de sangue
através de tudo!
Não mais, noite...
E nós iremos de mãos dadas,
amigo,
pelos trilhos abertos de Moçambique,
mergulhados no clarão eterno do dia
infindável.
- Noémia de Sousa, no livro "Sangue negro". Moçambique: Associação de Escritores Moçambicanos, 2001, p. 114-115.
nos cobrir a todos com a benção do mesmo
calor,
quero ir contigo, amigo,
de mãos dadas, deslumbrados,
pelos trilhos abertos da nossa terra
estranha,
adubada com sangue e suor de séculos...
Nas machambas,
o ruído repercutido de tractor
soará como uma canção de triunfo.
Nas matas,
as tutas já não serão aves apenas
e no centro da vida,
nosso irmão negro, quebradas as grilhetas,
celebrará seu segundo nascimento
num batuque diferente de todos os outros...
Uma luz clara e doce se abrirá para todo
e nós iremos de mãos dadas, amigo,
pelos trilhos verdes de Moçambique.
Na noite,
não mais soluçarão, estertoradas,
canções marimbadas por irmãos
naufragados
(ô mamanô! Ô tatanô!),
Não mais a acusação muda dos olhos
precoces
de crianças de ventres empinados
não mais jaulas erguidas para os
inconformistas
gritando gritos de sangue
através de tudo!
Não mais, noite...
E nós iremos de mãos dadas,
amigo,
pelos trilhos abertos de Moçambique,
mergulhados no clarão eterno do dia
infindável.
- Noémia de Sousa, no livro "Sangue negro". Moçambique: Associação de Escritores Moçambicanos, 2001, p. 114-115.
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