quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Cartas Avulsas VI




Reino da Pitangueira
Terra Redonda&Azul
Lua Balsâmica
Sistema Solar
Via Láctea
Zona Sul

Postei no vídeo anterior a música "Sonho Impossível", lindíssima, produzida (letra e melodia) pelo músico nova-iorquino Joe Darion (1917 - 2001). Já era famoso letrista de teatro musical americano, e ganhou fama mundial pela música Man of La Mancha , traduzida e adaptada para o português por Chico Buarque de Holanda. Se desejar a versão brasileira ouvir na voz belíssima de Maria Bethânia, clique aqui.

O fato curioso é que o musical é apresentado em um único cenário que sugere ser uma masmorra. Todas as mudanças de localização são criadas por alterações na iluminação, pelo uso de adereços supostamente espalhados pelo chão da masmorra e pela confiança na imaginação do público. Algumas produções mais recentes acrescentaram mais cenários. 

Diante disto, percebe-se que não se trata de uma versão musical de Dom Quixote, já que nela conta-se a história do cavaleiro "louco" Dom Quixote como uma peça dentro de uma peça, representada por Cervantes e seus companheiros de prisão enquanto aguarda uma audiência com a Inquisição Espanhola.

As palavras "Sonhar o sonho impossível, Sofrer a angústia implacável, etc.," são do musical "O Homem de La Mancha" (Man of La Mancha), portanto, não serão encontradas em nenhum capítulo específico do livro de Miguel de Cervantes, "Dom Quixote", mas sim na trilha sonora do musical.

Onde quero chegar nesta caminhada?
Gosto de perceber na peça teatral, que ficamos presos na masmorra do tempo, das dores da vida, mas mas mesmo assim não finda o desejo de sonhar um sonho impossível, seguido de outro, de outro, de outro, de outro ... impossível sonho.

Essa é a minha busca.

É isto aí!

Sonho impossível (Chico Buarque/Joe Darion)

 


Fonte Youtube: Arranjo e Regência : Júlio Battesti



Sonho Impossível (Chico Buarque / Joe Darion)

Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder

Vencer
O inimigo invencível
Negar
Quando a regra é vender

Sofrer
A tortura implacável
Romper
A incabível prisão

Voar
Num limite improvável
Tocar
O inacessível chão

É minha lei, 
é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão

Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz

E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão

E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão

Composição: Chico Buarque / Joe Darion.


 

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Cartas Avulsas V



Reino da Pitangueira
Terra Redonda&Azul
Lua Balsâmica
Sistema Solar
Via Láctea
Zona Sul

Recebi a mensagem de uma leitora que apresenta-se como "Moça fiel do Reino da Pitangueira". Fez elogios, disse que gosta muito de vir aqui, pediu para não publicar a mensagem original e deixou cinco perguntas, das quais sugeriu que eu escolhesse pelo menos  três para responder, conforme minha livre escolha:

1 - O que aconteceu com o blog nesta semana final de fevereiro?

2 - Cadê as "Cartas de Amor" antigas? 

3 - Por que as cartas avulsas (gostei do estilo) são numeradas se são avulsas?

Vamos às considerações que preenchem a lacuna entre as perguntas e as respostas:

Considerando que na astronomia estamos na fase lunar da Lua Balsâmica, que ocorre nos últimos dias do ciclo lunar, imediatamente antes da Lua Nova e que durante essa fase, a Lua vai diminuindo em tamanho aparente no céu, parecendo minguante;

Considerando que a Lua Balsâmica é um momento celestial propício para deixar ir o que não é mais necessário em nossas vidas, para finalizar projetos pendentes e para preparar-nos a um novo ciclo que começa com a Lua Nova;

Considerando o ensinamento do Mago da Pitangueira de que esta ocasião lunar é associada à conclusão, reflexão e liberação dos obstáculos da vida;

Considerando que a Lua Balsâmica é um período de limpeza emocional, de introspecção e de libertar-se de padrões ou situações que não estão mais servindo ao nosso crescimento;

Considerando que é um momento para descansar, recarregar energias e se preparar para o renascimento que ocorre com a Lua Nova; 

Vamos lá concluir, refletir e liberar as informações e reclames da Moça fiel do Reino da Pitangueira: 

Respondemos aos seus reclames:

1 - O que aconteceu com o blog nesta semana final de fevereiro?
    Meu desejo era dar uma repaginada e reformular todo o projeto Pitangueira, mas refleti melhor, vi o tamanho do desafio e vou aguardar mais para frente; então, por enquanto, deixarei como está.

2 - Cadê as cartas de amor antigas? Vai republicar? 
   O Real Serviço Postal do Reino da Pitangueira informa que estão provisoriamente guardadas. 

3 - Por que as cartas avulsas (gostei do estilo) são numeradas se são avulsas?
      Padronização organizacional da Pitangueira, simples assim. 

É isto aí!

     





terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Cartas avulsas IV




Reino da Pitangueira
Novo Mundo
Planeta Terra&Lua
Via Láctea
Zona Sul

Perdi uma palavra no caminho até esta carta. Engraçado isto, porque ela parecia-me tão óbvia, tão clara, e de repente sumiu, assim, no vazio existencial (ou não), mas mesmo assim vazio, agora preenchido pela palavra perdida. 

Quantas cosias mais perdi na jornada da vida, assim mesmo, por burrice, por raiva, por  ciúmes, por má formação congênita de ferramentas emocionais melhores. Hoje sei o nome de cada dor, de cada emoção negativa, mas até ontem achava que aquilo era eu num livre arbítrio. Levei anos para descobrir que livre arbítrio só funciona em sonhos lúcidos. O resto é dor.

Outro dia assisti uma palestra onde o ser iluminado disse laconicamente: Suas emoções o dominam porque o seu lado emocional sequestra, literalmente, o neocórtex, a área cerebral responsável por regular o seu comportamento. As consequências, nem sempre são as melhores. Pensei comigo - caramba, este cara merece o Nobel, salvou o mundo das neuroses e dores e cruzes e sofrimentos e mágoas e traumas e desumanidades e tudo o mais que dói.

Também já li em lugar incerto  não sabido que são as crenças limitantes, este mal que está levando o planeta ao caos, promovido pela evocação do passado, ou até mesmo de memórias ocultas ou uma memória traumática da primeira infância. Acho, do tipo achismo literal, cultural e randomizado de que estes são os principais motivos, pelo qual esqueci a palavra. Ou não? Pode ser ato falho, vai saber ... vai saber ...

Na verdade, na verdade, como já disse o poeta:

tem dia 
que tudo 
que a pessoa 
precisa 
é da outra 
pessoa

com cafuné 
no cabelo
afago na face
beijo apaixonado
e um abraço 
apertado

É isto aí!



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Cartas avulsas II




Reino da Pitangueira
Minas Geraes
Planeta Terra&Lua
Via Láctea
Zona Sul

A carta II que fora reescrita no futuro do presente, mas que de fato estava no futuro do pretérito do indicativo, referia-se à vida que poderia ter acontecido posteriormente ao pretérito, expressando incertezas prestimosas, surpresas alegres e dignação à vida.

Imagine um pretérito perfeito. Então saiba que ao imaginar assim, desta maneira, a partir dai todos e quaisquer verbos conjugados no pretérito perfeito do indicativo indicariam que a ação verbal aconteceu num determinado momento do passado, tendo o seu início e o seu fim no passado. Este é o ponto da nódoa, da mágoa, da tristeza: indicariam, dito assim desta maneira, no futuro do pretérito.

Perpetuamos a inflexibilidade diante do direto natural das coisas, afinal, se até a obliquidade da eclíptica possui variação de ângulo, fazendo com que a radiação solar chegue de forma diferente em cada hemisfério terrestre de tempos em tempos, provocando as variações glaciares, que são períodos de longos verões e longos invernos, por qual motivo não seguimos o curso natural das coisas?

Ocorreu-me, como uma explicação natural: a de que nos perdemos no deslocamento do periélio, no exato instante que o movimento dos nossos destinos sofreu uma inefável variação da órbita dentre nós.

É isto aí!




quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Santo de casa


Título do quadro: O Violeiro (1899)
Autor: José Ferraz de Almeida Jr. (1850-1899). Pintor brasileiro. 
Pinacoteca do Estado de São Paulo. Brasil.
Fonte da imagem: Wikipédia

 Zefa!!! Ô Zefa!!

Que foi Zé?

Zefa, faz favô de olhar na folhinha dos sagrado coração de Jesus, de que Santo que é hoje o dia?

Tem isso na folhinha, Zé?

Claro que tem, sô. Olha lá prá nós.

Mas que melda, eu cheia de serviço, você bonitão aí na viola atrapalhando meu dia.

Pode deixar, Zefa.

E pode pelo meno me dizer o causo do porque queria esta informação?

Nada não Zefa, bobagem minha.

Oia aqui, Zé, vai falando que já estou ficando esbaforida. E olha esta vassoura na mão, louquinha para te dar de pau nas costas.

Misericórdia, Zefa, então eu conto, mas você tem que prometer guardar segredo.

E eu lá sou muié de espalhar fofoca, homi?

Jura mesmo que não vai contá prá sua mãe, suas irmãs e sua cumadre?

Nossa, Zé, mas o que é este cerceamento de diálogo? Nem prá mãinha? Nem prá cumadi Zenólia? Misericórdia. Quero saber mais não. Deve ser até - modi dizer - estes pecado que andam por aí. 

Eu sabia, Zefa, que ocê já lá ia contá tim tim por tim tim

E daí? Mió contá do que calar das novidades na roça. E não é fofoca, é uma rádio de ondas curtas, que só fica ali entre nós e onde atualizo as coisa.

Zefa, num tem segredo secreto. Sua mãe tem as irmãs dela e as cunhadas, sua irmãs tem amigas, a cumade então é mais conhecida que pé de mamona. 

Nossa, Zé, inté parece que estamos falando para o mundo todo...

Ainda não, Zefa, mas vai chegá este tempo ...

É isto aí!


A Bela Adormecida da Pitangueira


Lembro que era um sábado de maio, o casamento seria na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Candeias, às 16 horas. Ocorreu que do entardecer da sexta-feira até a alvorada do sábado, convidados, parentes, amigos e desconhecidos entravam e saiam da casa  ininterruptamente, para comer e beber até atingir o limite da gula.

Naquela noite ninguém dormiu. Bandinha no forró sob o céu de maio animava a festa e espalhados em mesas enormes, sob tendas, no quintal, estavam as comidas, pratos e talheres. Uma mesa guardava leitão, carneiro, galinha caipira, carne bovina, linguiça, carne defumada, torresmo,  miúdos diversos, molhos, vinagretes e pão. Era a mais requisitada delas , com um ir e vir da cozinha incessante. 

Em outra mesa, caldeirão de arroz, caldeirão de feijão, tropeiro, farofas, batata de tudo quanto é jeito - palha, purê, inteira, empanada, em conserva, etc.. Salada fria, salada crua, salada de alface, salada de frutas, salada com pimenta, salada com frango desfiado, etc.. Nas pontas estavam salgadinhos pedindo para serem devorados e pela facilidade de acesso, eram consumidos às dúzias. 

Na última mesa havia pudim de caçarola, pudim de paçoquinha, quentão, bolo de milho com cobertura de chocolate, broa de milho, pé de moleque, canjica, canjicão, bolo de laranja, de limão, de cidra, cocada aranha, cocada preta, cocada branca, cocada com leite condensado, balas diversas, bombons e frutas cristalizadas, além do sorveteiro, do pipoqueiro e do algodão doce.

Num balcão da enorme varanda, dando para os fundos do sobrado, estavam as bebidas como chopp, cachaça, vinhos, refrigerantes, água mineral com e sem gás, destilados diversos. De maneira incrivelmente anômala, as pessoas se dirigiam às mesas das comidas, doces e bebidas por múltiplas vezes e depois dançavam, comiam, cantavam, bebiam, conversavam e se divertiam freneticamente.

Sete horas da manhã do sábado chegaram as meninas do salão. Os noivos ainda brindavam o dia tão esperado, já dominados pelo álcool. A bandinha ainda tocava com todo o gás. A noiva foi colocada num quarto do segundo pavimento, as madrinhas e a mãe em outro quarto e ficaram ali sob os cuidados da beleza até as 14 horas aproximadamente.  

Quando deu por volta das 15 horas, chegaram os táxis, ubers, etc, numa fila enorme, e começaram a levar os convidados, as testemunhas, as madrinhas, os padrinhos, as crianças, o coral, os arranjos, as cestinhas com pétalas, o noivo, a família do noivo, os convidados idosos, etc., esvaziando a casa, trancada pelo pai da noiva, que acompanharia a filha na limusine do Dr. Zequinha.

16 horas e trinta e seis minutos  - toca a marcha nupcial - todos se levantam e olham para a porta que dava para a praça. Alarme falso, era uma convidada atrasada. O zum zum zum do descontentamento começa devagar e vai num crescente. Cadê a noiva? Cadê a noiva? Cadê a noiva?  O pai vai ao microfone e pede calma, com certeza aquilo logo seria resolvido. Eu tenho certeza que ela veio, pois estávamos juntos eu e o Dr Zequinha Moreno, que a trouxe no seu automóvel. 

17 horas, a igreja vai se esvaziando. Uma a uma, as famílias saem algumas curiosas, outras preocupadas enquanto desaguava a maior chuva já vista na cidade em pleno maio. O noivo teve uma crise de pânico e foi levado ao hospital. 

Dr. Zequinha, ao chegar em sua residência sob chuva torrencial, numa cidade a cerca de uma hora da Matriz, resolveu abrir a porta de trás para dar mais uma conferida. Talvez encontrasse alguma pista do desaparecimento, um bilhete, um sinal, qualquer coisa. Mais que isto, deparou-se com a noiva dormindo placidamente sobre os macios tapetes, no piso do carro, escondida entre os bancos, coberta com um paletó, que há muito estava esquecido e dado como perdido, aguardando, quem sabe, a oportunidade de esconder e aquecer a moça. 

É isto aí!

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Faltam palavras


Tudo bem, faltam as palavras, estas unidades da língua, situadas entre dois espaços vazios. Então agora sei pelo menos o que falta. Dia destes num pretérito perfeito dei por falta de mim quando saí da razão e mergulhei no esplêndido vazio total. Descobri que eu fazia muita falta, e tive que reiterar a união corpo/espírito/mente ao ver a burrice inútil da minha luta para continuar o plano de fuga.

Por raios de quais motivos que ficamos presos aos erros os mais ridículos da vida? A conclusão que chego é que não são os erros que ferroam o presente do indicativo, e sim os ridículos derivados deles. Isto nos vulgariza pela  somatória dos atos esquisitos, dos delírios estrambólicos, dos sonhos excêntricos, dos desejos extravagantes, enfim, para doer mais que obturação sem anestesia, não há uma maneira radical de evitarmos os pensamentos heteróclitos, insignificantes e risíveis.

Dia destes passei o tempo escolhendo as músicas com as quais dançaríamos por horas até até até (sim, muitos atés) lembrar que não danço dois passos seguidos em compasso. Sou uma nulidade com disritmia ao ser levado pelas melodias. Aí fiquei pós pensando em algo para entretê-la, hummmm. já sei - contar piadas.- só que não, afinal sou um analfabeto piadético. 

Como vê, hoje  faltam palavras. 

É isto aí!




segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Cartas avulsas III


Reino da Pitangueira
Minas Geraes
Planeta Terra&Lua
Via Láctea
Zona Sul

Preciso dizer-lhe que ocorre um déjà vu quando penso em você. Não fecho os olhos de saudade, nem revelo as muitas coisas que tenho sido e tido, afora a não felicidade. 

Mais que isto é no mínimo plágio sobre as três últimas  estrofes do belíssimo poema de Cecília Meireles, Marcha (O poema “Marcha” faz parte da obra Viagem (1939), responsável por marcar a autora no cenário literário brasileiro). 

Parte final do poema Marcha/Cecília Meirelles, 1939:

"Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.

Soltam-se os meus dedos tristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentamento.

Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento...
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento."


Não escreveria esta carta se já não a tivesse feito. Algo assim como o déjà vu explicitado acima entre o poema e a canção. De tal forma que seria uma carta avulsa II, mas a convicção revela-me que de alguma maneira incide a virtualidade sobre a realidade, na qual, por coerência com o delírio, acabei cedendo ao acaso.

É verdade que sempre tive aquela sensação de já ter visto ou vivido uma memória que está acontecendo entre um ponto determinado e aquele instante onipresente e transdimensional. Desconhecia o significado ou porque ocorria você, porém ao longo dos anos, acessando diversas teorias científicas, coerentes ou místicas, percebi ser inútil explicar o óbvio. Apenas penso em você.

É isto aí!








quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Discutindo relação



Tudo começou quando estava triste, pensando em Odete, a musa do Reino da Pitangueira, e nas pequenas tragédias pessoais que vão se acumulando dia após dia. Então a vida é assim mesmo, filosofei, nós outros é que somos teimosos e ingênuos.

No youtube o conjunto The Mills Brothers cantava repetidamente You Always Hurt The One You Love. Acabei adormecendo na poltrona e mais uma vez ela apareceu no sonho, e no somatório das antecedências e consequências, misturei letra, música, diálogos reais e oníricos, e ficou assim a discussão da nossa relação etérea:

- Você é tão bonita, Odete. Estamos juntos a tantos anos ... Preciso perguntar: você realmente me ama?

- Hum, primeiro o afago na minha vaidade e depois a busca da resposta que o incomoda tanto.

- Como pensei; você sempre magoa aquele que você ama.

- Uau, bastante perspicaz sua visão de quem sou eu nesta relação.

- Vê agora? Não consegue olhar nos meus olhos, aquele que você não deveria magoar jamais.

- Então é isto? Você é a vítima da megera das relações complicadas?

- Você me ama? Sim ou não?

- O que o faz ter tanta necessidade desta resposta? Se eu disser sim, terá dúvidas eternas. Se disser não, passará a vida acreditando que era um sim invertido só para castigá-lo e mantê-lo sob minha malvada guarda passional

- Você não tem sentimentos. É uma mulher capaz de pegar a mais bela rosa e esmaga-la até que as pétalas caiam, só pelo prazer de vê-la perder sua beleza.

- Puxa vida! Então é assim que você me vê? Palavras duras não mudam o mundo, mas sim atos e ações.

- Veja só agora esta cena, por exemplo, onde você, diante dos meus sentidos e sentimentos expostos, está a perscrutar meu mais íntimo amor utilizando da técnica peculiar de quebrar meu coração.

- Cuidado com as palavras apressadas, moço, das quais você não lembrará amanhã, pois se eu parti seu coração nesta noite mal passada, é porque eu te amo acima de tudo.

É isto aí!

You Always Hurt The One You Love
Cantoers: The Mills Brothers
Autores: Allan Roberts / Doris Fisher.
Fonte: Letras

You always hurt the one you love
The one you shouldn't hurt at all
You always take the sweetest rose
And crush it till the petals fall

You always break the kindest heart
With a hasty word you can't recall
So if I broke your heart last night
It's because I love you most of all

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Cartas avulsas I


Os Amantes II. René Magritte. 1928 – Óleo sobre tela 

Cartas avulsas I

Reino da Pitangueira
Planeta Terra&Lua
3° do Sistema Solar
Via Láctea, Zona Sul

Na verdade, assim, dito na verdade mesmo, não sei o que escrever. Sim, sei, sou um canalha passional. Pelos arcanjos da redenção, isto é muita coisa, melhor reduzir a pena com pedido de perdão. Lembrei dia destes de você sorrindo, foi muito engraçado, tinha algo preso ao seu incisivo superior direito e sua meia estava com um furinho disfarçado de dobra.

Não que eu tenha notado assim, de pronto, mas o fato que você me anestesia de tal maneira que o tempo para, e minha mente fértil flui aos seus olhos ciganos. E, puxa vida, que delícia é olhar seus olhos ciganos arregalados. Sim, sei, você me proibiu dizer que é uma delícia. Tudo bem, acho que posso superar isto. 

O motivo de escrever-lhe esta carta é que não preciso de motivo para falar de você, com você ou desejando você, afinal estamos ainda num estado passional de direito. É um trem sobrenatural. Dia destes  acompanhei pelo pensamento sua caminhada para a sessão de ginástica. Confesso que tenho ciúmes daquele personal trainer, sei lá, acho ele meio engraçadinho demais para o seu lado.  

Falando em demais, estive quase atentado a provar daquele vinho que você gosta, mas achei que seria demais para mim. Em matéria de vinhos sou muito fiel ao meu gosto, por favor, não chore, nada pessoal, mas pelo menos estive com a garrafa na mão, enquanto na loja. Daqui  a pouco é Natal, hem.. muita coisa daqui até 25 de dezembro, inclusive nada. 

Um beijo


 


A absurda felicidade


Aos 
olhares
alhures
curiosos
de outrem 
levava uma
vida estranha

risível, 
jocosa, 
absurda,
ridícula, 
esquisita, 
excêntrica, 
heteróclita;
desregulada
estrambólica, 
extravagante.

E mesmo assim
estranhamente 
sempre feliz
nunca soube
que na vida
para existir
felicidade
precisava 
de rótulos.

É isto aí!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Os amores complicados


É aquele amor que vinha na direção certa, tudo indicava que teria um final feliz, mas de repente desaparece sem deixar vestígios.

Signo mais afetado: Áries, devido à sua pressa em resolver tudo, atrelada à sua espontaneidade, coragem e energia, acaba errando na dose.
Trata-se de um imenso e perceptível  amor que acabou em silêncio, abandonado no deserto. 

Signo mais afetado: Touro, devido à sua mania de possessividade.

03 - Amor Stonehenge
É aquele amor esotérico bem alinhado, bem sólido, mas inexplicável e sem função. 

Signo mais afetado: Gêmeos, principalmente por causa da sua superficialidade e a inconsequência dos seus atos.

04 - Amor Atlântida
É aquele amor que todo mundo sabe que um dia existiu, mas ninguém sabe para onde foi. 

Signo mais afetado: Câncer; devido à sua emoção exacerbada e essa mania de muito apego ao passado.

Amor que só apareceu para dizer que existe e nunca mais outra vez. 

Signo mais afetado: Leão, pois ama plateias e aplausos, mas o orgulho e o autoritarismo favorecem este ato.

Amor tipo aquele que seja eterno enquanto dure, sozinho numa ilha.

Signo mais afetado: Virgem. Indeciso, cético e perfeccionista. Aí complica. 
É o Amor que olhando de fora para dentro é lindo, mas ninguém entende nada. Melhor deixar para lá. 

Signo mais afetado: Libra, afinal convive com a indecisão, mas também pode ter vaidade em excesso e comportamentos considerados de mau gosto.

08 - Amor Linhas de Nazca
É um Amor que olhando de longe e de cima, faz sentido, mas de perto não tem nada de interessante. 

Signo mais afetado: Escorpião. A chave aqui são os ciúmes, muito ciúme. Muita perspicácia, sexto sentido aguçadíssimo e vê perigo em tudo.
Amor que já acabou, morreu, findou, terminou, ficou lá atrás, ufa!

Signo mais afetado: Sagitário. Adora viajar tanto fisicamente quanto mentalmente, desligando da sua base e detesta ser aprisionado e ter limites. Gosta do passado e quando questionado, é debochado. 

10 - Amor Buraco Negro
Amor que visto de longe é lindo, mas ao cair no seu campo gravitacional, nem mesmo a sua luz consegue escapar de dentro dele. E fica esperando a nova vítima. 

Signo mais afetado: Capricórnio. Só ele está certo. Tem seus propósitos e metas bem definidos e pode ser frio nas relações e um tanto pessimista.

11 - Amor Himalaia 
Um Amor gigante e gelado, mas possui uma conexão intensa com a liberdade.

Signo mais afetado: Aquário. É idealista, dá preferência aos diálogos racionais, independente, radical e gosta de ser do contra só para ver como e' que fica. 

12 - Amor Oceânico 
É aquele Amor de poucas palavras, onde todo mundo acha que pode despejar suas lágrimas e rancores sobre ele e possui muita, mas muita imaginação. 

Signo mais afetado: Peixes. Devido à alta sensibilidade, é muito espiritualista e se ilude com tudo e com todos. acabando literalmente num oceano de sentimentos.  


É isto aí!


domingo, 11 de fevereiro de 2024

Nunca brigue com seu amor


Estava com raiva dela, bloqueei celular, redes sociais e o escambau - não queria perdoá-la até aquele noite. - Era início da madrugada, noite linda, sem lua e sem nuvens. Tive a vontade de ir ao quintal, nos fundos da casa, observar não sabia ainda bem o que. Céu limpo e clima frio neste alto da serra. Ouvi sua voz melodiosa dizer  - olhe para a esquerda. Virei o rosto e vi três objetos não identificados cruzando o céu em alta velocidade, sem barulho, deixando cada um deles, um  rastro de cor desconhecida, de tal maneira que não saberia identificá-las. 

Fui deitar meio preocupado e não consegui dormir, pelo menos acho que não. Aí ela me chamou pelo nome, abri os olhos e agora a via, era meu amor estava linda. Deu-me a mão e disse: vem. Como é linda o meu amor. Ao tocar na sua mão, ocorreu um flash, um clarão, num movimento de cores fantástico. 

Ela me beijou, fechamos os olhos e ao abrirmos, estávamos em York, a principal cidade do Norte da Inglaterra. Estava sob cerrado ataque na manhã do gelado 1° de novembro de 866, seguindo a estratégia padrão dos vikings descendentes do lendário viking  Ragnar Lodbrok de invadir, destruir e liquidar as vidas.  

Antes de presenciar o inevitável, ela apertou minha mão, levou-me a uma vila medieval no leste europeu. Eu sabia que era no leste europeu atual, mas era numa época que não existia esta definição. A Vila estava sendo atacada e dizimada por Gengis Khan. 

Nos abraçamos e quando abri os olhos estávamos na floresta de Ardennes, na Bélgica, próximos da Linha Maginot, exatamente no dia que o alemães invadiram a Bélgica. Olhei para ela em total desespero. Abraçou-me novamente e pediu para fecharmos os olhos. Tivemos uma crise de choro. 

Enquanto chorava, senti novamente a sensação de deslocamento temporal tocar-me. Ao abrir os olhos éramos prisioneiros dos xavantes no interior do Mato Grosso, na metade do século XVI, e nesta ocasião, lembro bem,  vivenciamos a experiência real e ao vivo das noites tapuias.  

Nunca mais brigo com ela. Vou comprar um monte de rosas vermelhas e vamos ver como e' que fica isso.


É isto aí!


Resposta ao Tempo (Aldir Blanc e Cristovão Bastos)


sábado, 10 de fevereiro de 2024

Açodamento da saudade


Quantas coisas 
já ditas, quantas
vidas passando; 
o tempo à mercê!

ora agonizantes,
ora frenéticas.

Será que o fácil
é fácil para todos?
Será que o difícil
é difícil para outros?

sonhando acordado
açodado em mágoas

Desejando o fim
da saudade árdua
chorando, sorrindo
sei lá ou sei nada.

É isto aí!


Autores: Léo Chauliac e Charles Trenet 
Banda de Swing Jazz: San Lyon 

I Wish You Love é uma canção popular francesa , com música de Léo Chauliac e Charles Trenet e letra de Charles Trenet.  Uma versão da música com letra em inglês intitulada " I Wish You Love " é reconhecível pela frase de abertura "I wish you bluebirds, in the spring".

Foi gravada pela primeira vez pela cantora francesa Lucienne Boyer em 1942 ( 78 rpm , Columbia Records : BF 68). Segunda gravada pelo cantor francês Roland Gerbeau em fevereiro de 1943 (78 rpm, Polydor Records : 524.830). Charles Trenet gravou sua própria versão em julho de 1943 (78 rpm Columbia Records: DF 3116).

A canção é mais conhecida como "I Wish You Love", com nova letra do compositor e letrista americano Albert Askew Beach (1924-1997): "I Wish You Love" foi introduzida em 1957 por Keely Smith como a faixa-título de seu álbum solo de estreia.

Tradução do Inglês para o Português por Letras (Postada por Rachael Yamagata; enviada por karina e traduzida por Mariana.)

Desejo-lhe Amor

Desejo-lhe passarinhos azuis na primavera
Para dar ao seu coração uma canção para cantar
E então um beijo
Mas mais do que isto
Desejo-lhe amor

E em julho uma limonada
Para refresca-la em alguma grande clareira
Desejo-lhe saúde
E mais do que riqueza
Desejo-lhe amor

Meu coração partido e eu concordamos
Que eu e você nunca poderíamos ter sido
Então com o meu melhor
O melhor de mim
Eu lhe deixo livre

Desejo-lhe abrigo da tempestade
Uma gostosa fogueira para mantê-la quente
Mas, sobretudo
Quando a neve cair
Desejo-lhe amor

I Wish You Love

I wish you bluebirds in the spring
To give your heart a song to sing
And than a kiss
But more than this
I wish you love

And in july a lemonade
To cool you in some leafy glade
I wish you health
And more than wealth
I wish you love

My breaking heart and I agree
That you and I could never be
So with my best
My very best
I set you free

I wish you shelter from the storm
A cozy fire to keep you warm
And most of all
When snowflakes fall
I wish you love

My breaking heart and I agree
That you and I could never be
So with my best
My very best
I set you free

I wish you shelter from the storm
A cozy fire to keep you warm
And most of all
When snowflakes fall
I wish you love
And most of all
When snowflakes fall

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Cartas de Amor LXXXII


Reino da Pitangueira, 
Planeta Terra&Lua, 
3° do Sistema Solar, 
Via Láctea, Zona Sul

Querida, hoje estou zen

Então, por favor, fique calma. Isto ... inspire ... expire ... pare de rir ...

Sabe, tem noites que a mim parece natural caminhar ao seu lado pela superfície da Lua, ora andando, ora dançando, ora cantando. Aí ao percorrer toda a sua existência com meus cinco sentidos, lembro de um pequeno trecho do poema Esta é a forma fêmea, do Walt Whitman

Esta é a forma fêmea,
dela dos pés à cabeça emana um halo divino,
ela chama com ardente atração irrecusável,
sou absorvido por seu respirar como se não fosse mais
do que um vapor indefeso, tudo fica de lado
a não ser ela e eu,
os livros, a arte, a religião, o tempo, a terra sólida
e visível,
e o que do céu se esperava e do inferno se temia,
tudo se acaba,
estranhos filamentos, incontroláveis renovos
aparecem fora dela,
e a ação correspondente também incontrolável,
cabelo, peito, quadris, curvatura de pernas,
mãos displicentes
caindo todas difusas ...

Engraçado, porque sei que não é o poema da sua predileção, poderia ter lembrado de muitos outros, mas esta peregrinação lunar na fase minguante do outono, que acho mais romântica, apesar de você sempre preferir a Lua Cheia da primavera, levou-me a este caminho. 

Você me pergunta do que estou rindo. Olho nos seus olhos e não sei se posso contar. Quando mergulho nos seus olhos, vagueio pelos olhos da Catarina, a megera domada de  William Shakespeare, que cinco séculos depois seria enredo e daria origem ao filme "Dez coisas que odeio em você", de grande sucesso. 

Fico rindo e você curiosa, por que não sei de nada que faça odiar você. Mas sei que você preferiria a versão musical do filme, e eu gosto desta abaixo, mais intimista. 

Um cafuné no cabelo, 
um afago na face, 
um beijo apaixonado 
e um abraço apertado,
para nunca mais soltar

É isto aí!











































aaaaaaaaaaa

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Pelo sim, pelo não






Sentimentos
percepções
subjetividades

emoções
consciência
traduções

experiências
tudo vem da alma
tudo vai ao alto 

ou não
e parece
que sabemos disto.

É isto aí!









 

Matutando no mato

 

Pitando um rolo do bom, de frente para o pomar de pitangas, jabuticabas, manga e graviola, Zé filosofava a carreira de eventos ao longo da vida. São nestes momentos de contemplação do nada é que nada que presta sai, matutava, mas o importante mesmo é aflorar as coisas, daí vai se endireitando ali, desentortando acolá até chegar na linha do pensamento. Assim, chegava às suas conclusões dada à vasta experiência no fumo de cultivo ancestral:

- No fundo, bem lá no fundo, deve haver  conserto para tudo, até mesmo para pneu de velocípede.

- Não concordo com ela nem discordo comigo, muito antes pelo contrário sou solidário aos reclames da minha natureza, que contempla a dissonância dela.

- Uma coisa é o que é, exatamente uma coisa. Outra coisa é outra coisa, desde que nãos seja a mesma coisa. Deve ser por isto que está tudo muito coisado neste mundo.

- Quando chegar a hora e bater a preguiça, brada que aquele agora, mais do que nunca, é a hora certa. E se estiver errado, vai dar certo, afinal preguiça é movimento intestinal puro.

- O importante é o que importa, é o que vende, é o que distribui e principalmente o que tira dinheiro do seu bolso sem você querer a compra. Se eu vou na venda, eu compro só o necessário, se eu sou da venda, eu vendo o mais desnecessário, por que é nele onde está o lucro, e vida que segue. Todo dia sai um bobo de casa e encontra um esperto na venda, daí pode sair negócio bom só para uma parte.

- É muito melhor ficar vermelho, virar onça e soltar os cachorros e as raivas logo, sendo sim o sim e não o não, do que viver feito porco, de focinho no chão, cor de rosa, com sorrido amarelo besta na cara.

- Se a Terra fosse plana, seria um dos planetas mais exóticos e desconhecidos do mundo. Imagina só um terreirão circular, com princípio e fim, com sol estagnado e uma gravura de lua besta no parador, sem luar, sem violão, sem estrelas, sem cometas sem nada. Prá quem que os cachorros iam uivar?

- Segundo lei trans-sideral, aprovada pelo diretor da congresso inter-galáctico e promulgada no parlamento da terra plana de Órion, cada um no seu quadrado, por isto - ado ado ado, cada um no seu quadrado por que "tudo junto" é  separado e "separado" é tudo junto, donde se conclui que para-raios não param raios.

- Um é pouco, dois é primo e três é ímpar. Desconfie sempre dos primos...

- Há males que simplesmente vêm para o bem dos outros, porque pimenta que arde lá é refresco em pessoas malvadas.

- Briguei comigo mesmo, divorciei de mim, mas deu que lá si onde eu me ia, eu si me encontrava com eu mesmo, com aquele mesmíssimo sorrisinho retardado, com aquela carinha sonsa e olhar lerdo. Dava uma raiva danada d'eu comigo mesmo. Como pode o outro eu ser tão besta assim? 

 

Zéééééé, para de sonhar, homi e vai roçar o terreiro...

Eita mulher ruim, tem raiva d'eu pensar coisas que ela não entende ...


É isto aí!


fonte da imagem: aprovincia.com.br






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terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

O analista da Pitangueira - Sonhar o sonho impossível




Acordei assustado, não sabia onde estava, quem era e o que fazia ali. Fechei os olhos e voltei a encontrar com ela, o amor da minha vida. Acordei novamente, agitado e suado, o mesmo quarto, o mesmo sentimento, a mesma angústia. 

Imediatamente peguei meu bloco de anotações oníricas, aconselhado pelo senhor,  doutor e analista da Pitangueira, e anotei o que lembrava com maior destaque:

Ela estava linda, num vestido floral solto. Era tardecer, assim era porque el idioma oficial del sueño era castellano, pero mas lento, sin subtitulos.

La hermosa chica mirándome y sonriéndome, señaló una pizarra, que decía en portugués:

Sonhar é tão fácil
difícil é o acordar
frente à realidade
eu e você seremos
pra sempre assim

Só isto. Nada de despedidas românticas, nada de resistir à saudade, nada de nada, o recado estava dado.

Na semana seguinte, reencontrei com ela, cabrocha da Portela em plena avenida numa manhã de carnaval. Ela falava numa língua estranha, soava ser ariana, mas não ligamos, os corações se entenderam nos gestos e sobretudo no olhar, e se permitiram a entrega total  por três dias, enquanto durou o carnaval. 

Na manhã da quarta-feira de cinzas, ela apontou para um enorme painel onde estava escrito em português:

Nunca pense que seu amor é impossível, 
nunca diga "eu não acredito no amor". 
A vida sempre nos surpreende.

O caso, doutor, é que agora fiquei na dúvida de qual delas ela é ela mesma, ou em qual delas estou concatenando a realidade ou serei eu mesmo nos dois sonhos ou outro eu em dupla personalidade atua por mim em vários teatros da vida onírica? Onde estou, doutor?  

- Volte semana que vem, deixa passar o carnaval. Não vamos nos precipitar, mas lembre-se que Freud nos diz que o sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente, portanto, anime-se, há várias situações numa estrada.

É isto aí!

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Senta que lá vem história sobre Rosa, de Pixinguinha e Octávio de Souza.


Orlando Silva / Pixinguinha Rádios EBC


O Som do Animal (página do Facebook) resgata uma das mais belas páginas de nosso rico cancioneiro:

Rosa”, valsa composta pelo genial Pixinguinha e Octávio de Souza!

A parte instrumental de “Rosa” foi composta por Pixinguinha em 1917, e o título original era ”Evocação”, sendo que esse clássico tem algumas histórias incríveis, certas curiosidades, tais como as que contaremos adiante!

Pois bem, de acordo com o depoimento prestado ao Museu da Imagem e do Som (MIS - RJ), Pixinguinha assegurou que a preciosa letra teria sido escrita posteriormente por um mecânico do Engenho de Dentro (bairro carioca), muito inteligente e que morreu novo, de nome Octávio de Souza!

Nota deste Blog: Existem três versões sobre quem escreveu a letra:

Versão 1: (nota do Blog: fato esotérico, mas vai que ...) O suposto mecânico de Engenho de Dentro, Octávio de Souza, procurou Pixinguinha num bar onde tomava cerveja, apresentou-lhe a letra dizendo que  um poema, por inteiro, belíssimo, não saia da sua mente e referia-se à musica de Pixinguinha,  que leu e prontamente aceitou a parceria.  

Versão 2: (nota do Blog: sem sustentação, mas vai que ...) O desconhecido mecânico teria feito a letra em homenagem à irmã de um certo Moacir dos Telégrafos, cantor do mesmo bairro (Meier), sendo então consagrado como um compositor de uma única música, uma obra-prima!

Versão 3: (nota do Blog: plausível, mas vai que ...) Contudo, para muitos pesquisadores, existe a suspeita de que a letra – por seu estilo rebuscado e parnasiano seria do compositor Cândido das Neves, parceiro de Pixinguinha em “Página de dor”, dentre outras obras.

Inacreditável que, em 1937, os mais famosos cantores da época, Francisco Alves e Carlos Galhardo deixaram de lançar “Rosa” em razão de recusarem gravar “Carinhoso” (Pixinguinha e João de Barro), faixa do lado A do mesmo disco!

Sorte do “Cantor das Multidões”, o grande Orlando Silva, o qual interpretou magistralmente as duas canções, as quais fizeram estrondoso sucesso, e tornaram-se verdadeiros hinos da Música Popular Brasileira! A mãe de Orlando Silva era apaixonada pela música, de tal maneira que quando faleceu, seu filho Orlando, o Cantor das Multidões, nunca mais a cantou. 


Tu és divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito teu


Tu és a forma ideal
Estátua magistral. Oh, alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza


Perdão se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer


Rosa (Pixinguinha / Otávio de Souza) – arr. Roberto Rodrigues
Teatro Marcos Lindenberg
São Paulo, 24 de março de 2018
Filmagem e Edição: Alessandra Mesquita

Playlist com todos os vídeos do espetáculo: http://bit.ly/2Rb39zR
Novos vídeos adicionados semanalmente. 
Inscreva-se no nosso Canal: http://bit.ly/2CAuZNC

FICHA TÉCNICA | A ERA DO RÁDIO

Direção Musical e Regência: Eduardo Fernandes
Direção Cênica: Reynaldo Puebla
Assistente de Direção Cênica: Ana Abe
Regente Assistente: Ricardo Barison
Monitores: Cláudia Cesar, Leandro Gouveia e Leilor Miranda
Violão e Percussão: Alexandre Cueva
Percussão: Beatriz da Matta e Gustavo Godoy
Figurino: Sueli Garcia
Cenário: Anne Rammi
Objetos Cênicos e Adereços: Anne Rammi e Yara Tappis
Iluminação: Danielle Bambace
Sonoplastia: Ana Abe
Execução de Cenário: Natália Calamari e Rodrigo Mafra | Estúdio Dupla
Equipe de Cenografia, Montagem e Contrarregragem: Anna Lúcia Santoro, Anne Rammi, Carlos Henrique Ralize, Cibelle Lacerda, Luana Magalhães, Marcelle Olivier, Maria Madalena Herglotz, Mônica Kuntz, Renan Gila, Renata Ferreira, Renata Montesanti e Soledad Correa Forno
Fotos: Anna Lúcia Santoro, Carlos Henrique Ralize, Laura Abe e Pablo Araripe
Captação de Vídeos: Anna Lúcia Santoro, Carlos Henrique Ralize e Felipe Moreti
Edição de Vídeos: Carlos Henrique Ralize e Danielle Bambace
Equipe de Comunicação: Adriana Pacheco, Ana Abe, Anna Lúcia Santoro, Anne Rammi, Carlos Henrique Ralize, Danielle Bambace, Deborah Alves, Eduardo Fernandes, Leandro Gouveia, Mônica Kuntz, Renata Montesanti, Reynaldo Puebla e Valéria Gomes Bastos
Criação e Design Gráfico: Adriana Pacheco, Carlos Henrique Ralize, Deborah Alves e Renata Montesanti
Assessoria de Imprensa: Leandro Gouveia
Bilheteria: João Rosalvo, Karina Gouveia e Laura Abe 
Responsável Técnico Científico: Luciano Gamez
Produção: Coral Unifesp

Coral Unifesp