terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cave ne cadas


E a violência urbana aumenta mais e mais. Tenho uma teoria pessoal, sem cunho científico, baseada somente em minhas observações, que esta violência ajuda a manter a classe média dentro dos trilhos da governabilidade. Penso assim cada vez que vejo, ouço e percebo a classe média, sempre ela, em um crescente crítico, ameaçando a paz dos que desejam manter o poder em suas mãos. E isto não é novo. Não no que tange à violência, mas ao processo de baixar a bola dos que se acham maiores do que o César.

Na Roma Antiga, após uma vitoriosa batalha, havia o "Triunfo", que era uma das maiores solenidades da sociedade dominante e a maior recompensa dada aos generais vitoriosos. Vestido de púrpura com uma coroa de louros na cabeça, sentado num magnífico carro puxado por quatro cavalos brancos e precedido por senadores, rodeado por parentes e amigos, seguido por todo o seu exército e por um grande número de cidadãos, o general vitorioso - o Triunfador - era conduzido em pompa ao Capitólio Romano.

Adiante dele iam os despojos dos inimigos vencidos - quadros e objetos de arte das províncias que havia conquistado (tais como apresentamos nossos carros financiados, casas financiadas e cartões estourados). Com correntes de ouro e prata iam à frente os reis e os chefes prisioneiros. Atrás, as vítimas que deveriam morrer.

Durante essa cerimônia, para abater o orgulho que um aparato tão deslumbrante pudesse inspirar ao Triunfador, um escravo, colocado atrás dele, no mesmo carro, juntava uma voz discordante às aclamações da multidão e fazia ouvir cantos mofadores e palavras satíricas: "Lembra-te que és homem", gritava ele ao vitorioso: "Cuidado! Não caias" (Cave ne cadas, em latim).

E o escravo repetia aquele expressão para que, em meio à embriaguez da glória, o general romano não se esquecesse de sua condição humana e principalmente porque tanta pompa e circunstância não o fizessem pensar ser um "deus" ou alguém dotado de poderes maiores do que César. É ou não é a violência nos colocando nos trilhos da Matrix?

Assim, há, segundo minha tese, esta dosimetria, marcando a classe média dentro de um ritual macabro de medo e prosperidade. Estou errado? Será delírio das minhas crises de insônia? Pode ser, mas de vez em quando um Da_tena da vida é homenageado pela alta corte do poder "por relevantes serviços prestados à pátria", recebendo comendas e honrarias, como fosse ele um dos que pronunciam todo dia à classe média - Cave ne cadas...Cave ne cadas...

E para não dizer que não falei das flores, que coisinha este timinho do galo mineiro - por nada nada chora, por alguma coisa chora, por ter o fluminense na nuca chora...

É isto aí!





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