segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Para Keila Carvalho

      Fernando Pessoa na pessoa de Alberto Caieiro:

      O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
      Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
      Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
      O Tejo tem grandes navios
      E navega nele ainda,
      Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
      A memória das naus.
      O Tejo desce de Espanha
      E o Tejo entra no mar em Portugal.
      Toda a gente sabe isso.
      Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
      E para onde ele vai
      E donde ele vem.
      E por isso porque pertence a menos gente,
      É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
      Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
      Para além do Tejo há a América
      E a fortuna daqueles que a encontram.
      Ninguém nunca pensou no que há para além
      Do rio da minha aldeia.
      O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
      Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
         Alberto Caeiro

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário

    Gratidão!