sábado, 29 de dezembro de 2012

A Anônima Triste



Este blogueiro recebeu esta carta-mensagem de uma moça que se auto-intitula "Anônima Triste". Pensei no que fazer, por que não teria como responder a um emitente anônimo. Aí entendi que ela gostaria de ver publicada a sua dor.

Bem, Anônima Triste, a mensagem está aí, na íntegra:

Em primeiro lugar Olá e obrigado antecipadamente por me ler e me guiar ... Adoro ler seu blog. Minha história não é fácil e eu sei que há piores... mas eu estou triste e preciso aliviar-me com as pessoas que eu não conheço e às vezes pode ser um conselho muito melhor do que o de alguns amigos ... 

Fiquei cerca de um ano com um homem, que chamarei de "ABC" . Nós não caímos no amor imediatamente, e decorreram meses até que nossa atração mútua produzisse seu efeito mágico. Então começamos a nossa história, um caso de amor ardente, com muita presença dele em minha vida. Pela primeira vez me fiz mulher. 

Ele trabalha no Rio de Janeiro. A cada quinze dias deixava sua cidade para o fim de semana com seus pais, vizinhos do nosso apartamento. Eu sempre saia nos finais de semanas, mas um dia resolvi ficar o sábado e o domingo quieta em casa. Meus pais sempre vão para o sítio na sexta e voltam pela segunda de manhã. Foi aí então que nos encontramos e nos apresentamos, numa paixão à primeira vista. 

Um dia, visitando a sua mãe, depois que ele havia partido, não sei por que fiz isto, fui até o seu quarto, e aí descobri uma camisola e peças íntimas femininas atrás de sua cama. É claro que eu entendi que havia uma coisa errada. Liguei para ele, e disse que estava envergonhado, e falou que tinha um relacionamento superficial com outra garota, e que a mãe dele sabia e além disto afirmou que eu levava as coisas muito na mão, tipo, achava que nosso caso era sério. Tivemos uma discussão claro, eu disse a ele que não queria esse tipo de relacionamento, e que não faria parte de um jogo de sedução. 

Ele então teve que ir para o estrangeiro para três meses de serviço, então eu disse que iríamos usar este tempo para cortar os laços. O problema é que desde quando chegou lá, mandava mensagens lindas, fotos dele sozinho falando que eu estava ali no seu pensamento, etc. Retornou com muitos presentes para mim e um para minha mãe. 

Não entendi minha reação se era raiva ou amor, mas era incapaz de andar para a frente. A atração estava lá, forte, muito forte para mim, demos um simples tempo, sem frescura, mas com esta investida que eu não compreendi, ainda mais com a discussão não terminada sobre a camisola do outro relacionamento. 

Ganhei  cartão de inocência 100%, dizendo que ele tinha vindo por mim, que este caminho era o que ele tinha feito, foi a sua escolha, e que não foi pela outra, talvez, afinal eu era a garota que ele amava mais do que tudo... E então as últimas semanas, quando eu pelo menos esperava, ele me ligou durante o longo fim de semana dizendo que sentia muito, mas estava naquele dia casando com a moça da camisola.

Perguntei-lhe porquê e ele me disse que sempre teve este outro relacionamento, e lá no fundo ele pensou que eu sabia! Sei que muito do meu sofrimento é devido apenas a minha estupidez de não ter perguntado antes, mas eu estava tão confiante, comportamento tipo vida parafuso. A alquimia estava lá, eu sei, mas talvez não posso contra o amor dela ... Obrigado por ler meu desabafo, se tem uma palavra para me dar, promova então um sorriso nas profundezas do fundo da minha tristeza ...


Prezada Anônima Triste:

Sou apenas um blogueiro, que pouco pode ajudá-la, mas se psicanalista fosse recorreria ao questionamento do Mestre Freud: Afinal - o que querem as mulheres?

E tentaria responder, se autoridade tivesse para isto, pelo Mestre Lacan - Querem ser amadas!

É possível, dentro do real, que exista por sua parte, uma esperança (e isso é uma ilusão) de que o amor venha lhe dar a sustentação para o seu ser, de que você consiga de alguma maneira resolver a questão da não consistência que lhe é peculiar e com a qual deve se confrontar. 

O amor e a existência estão intimamente ligados. Quando você sofreu esta desilusão amorosa, o seu ser oscilou, ou seja, vacilou. O amor a identifica como mulher triste, daí a angústia de perda do amor. Creio que você está fazendo o seu ser depender quase exclusivamente deste amor.

Bem, se isto não resolver, um Rivotril com Fluoxetina devidamente receitados por um psiquiatra sempre cai bem!

É isto aí!

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