quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A Gorda na Área de Broca


Tem palavras na língua portuguesa que acho fantásticas. Raramente a dirigimos diretamente a alguém, mas cá dentro do interior caipira, a língua pátria coça.

Bem, vamos lá:

Gorda - Mas não é só ler Gorda - a palavra tem que roçar no "erre" e abrir em um espaçoso movimento labial no "da", e a mão direita tem que fazer aquele gesto largo, espalmado, aberto - afinal a Gorda pode ser objeto de desejo, não necessariamente feminino, pode ser a Gorda quantia, a Gorda herança, a Gorda recompensa, mas se for por aquela Gorda da Pitangueira, que seja divulgada a palavra escondida até então, de forma tão gostosa quanto ela. Nada melhor do uma gostosa gorda gostosa.

Nossa, pode até parecer que estou muito obscenamente pecaminoso em referência à gorda da Pitangueira esta noite. Mas cá entre nós - uma gostosa magra gostosa não dá pegada, fica faltando conteúdo à frase - caramba - esta foi demais.

Tem um livro, recomendado por uma amiga gorda, de deliciosa prosa e cultura, que ainda não li. O livro se intitula "A Gorda", cujo autor é Anatole Jelihovschi, que publicou Aves Migratórias (Planetário, 2005) e Rio Antigo (Rocco, 2009). Em 2003, foi um dos finalistas do Concurso de Contos do Prosa & Verso, caderno literário do jornal O Globo.

Consegui no site que vende o livro online a introdução - e acho que por uma suposta neurose obsessiva, vou adquirir a obra literária.
Fonte: http://www.imaeditorial.com/agorda/ 

Na véspera de ano novo, sozinho e recém-separado pela quarta vez, homem escolhe para almoçar um restaurante qualquer no centro da cidade. O lugar é comandado por uma gorda vestida como uma espanhola do século 19, que parece acumular todas as funções: caixa, garçonete, cozinheira... Ela o convida para um espetáculo de Réveillon no restaurante, onde ele descobrirá que a Gorda, ex-dançarina de cabaré, é também a única a se apresentar. Um cliente inesperado, de aspecto feroz e sombrio, faz aumentar a sensação de que o inacreditável está prestes a acontecer...


Passada a crise, vamos aprofundar mais no tema desta aula.

''GORDA", vamos lá, leia e fale a palavra em voz alta. É fácil executar esse pensamento, quase automático. Mas basta refletir um pouco para entender que diversas atividades cerebrais estão envolvidas na execução dessa tarefa. Mesmo quando que os olhos já não estejam mais focando a palavra escrita, em algum lugar do infinito mundo neuro-sensorial  alguma proteína captura a luz de sua ideia ou desta leitura e envia a informação ao local que traduz esta mesma ideia em fala.

Este local precisa reconhecer a palavra, chamar da memória a maneira dela ser pronunciada e enviar a informação necessária para que os músculos da boca e da laringe produzam o som correto. Existe em nós uma pequena área do córtex cerebral, chamada área de Broca, que é o local em que reside o controle da fala. O seu cérebro faz esse processamento em etapas.

Existem três regiões distintas na área de Broca.Uma responde 0,2 segundo depois da leitura e parece estar associada à identificação da palavra (Gorda, por exemplo). Se além de identificar a palavra ela precisa ser modificada (gostosa, por exemplo), uma segunda região se torna ativa, 0,12 segundo depois da primeira. 

Finalmente, entra em ação uma terceira região, que é responsável por colocar essa informação em um formato que permita à boca articular o som escolhido. Ela entra em campo depois das outras, 0,45 segundo depois da leitura. Após a ativação da última região, toda a área de Broca fica inativa. Milissegundos depois, os músculos da boca e da faringe iniciam o processo de emissão do som.

Viu só - Ver uma gorda, achar ela gostosa e falar por falar é assunto de retardado, mas se você tiver a pré-concepção de que ela é gostosa, não vai ficar retardado depois que os músculos da boca e da laringe iniciam seu trabalho.



É isto aí!



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