segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Sobre sinais

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Traiu a mulher cinquenta e quatro vezes e cada traição durou exatos cinquenta e quatro minutos, Usou e abusou do cinquenta e quatro, no afã de provocar os anjos. E se deu por satisfeito, aquilo era perfeito e sublime.  A paixão pelo número como Arcano sempre o convidara a refletir sobre o que foi e sobre o que será, para ver qual é a mudança que se originaria em sua mente, em sua psique e, portanto, em suas obras.

Após o término dos romances, chegou mais cedo em casa levando rosas, vinho e chocolates finos. Parou o carro na rua para não alertar da chegada. Queria uma surpresa romântica. Entrou em silêncio e encontrou a casa em silêncio, em completo silêncio.

Sobre a mesa, o número cinquenta e quatro, cuidadosamente pintado em tinta branca sobre óleo magenta, na madeira. Sempre soube que a revelação viria, provocou seu Anjo para que se manifestasse e agora estava feito. O cinquenta e quatro contém dois dígitos poderosíssimos, o cinco e o quatro, sendo aqui o cinco dominante e o quatro recai sobre o senso de organização e racionalidade. 

A sua representatividade com os reinos mais elevados estava expressada ali, à sua frente, o reconhecendo como uma pessoa carismática e bem sucedida. Era a confirmação de tudo que desejara. Mas, como um princípio natural do Tao, que representa essa integração, realidade inefável com a qual a pessoa busca se unir, elevar-se desta forma o afasta do amor, da forma romântica.

Buscou o intangível, o angelical e deparou-se com seu verdadeiro eu, neglicenciador de paixões e amores, em função das suas ambições pessoais. Nunca mais outra vez amaria, tocaria um corpo de mulher com a paixão mortal. Não se deu conta deste detalhe, e foi infeliz para sempre.

É isto aí!




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