sábado, 5 de junho de 2021

O Túnel de Luz

 


Atravessando a avenida de cinco pistas de cada lado, tropeçou e ao levantar estava num túnel brilhante, mas não a ponto de cegar sua visão. Um silêncio indescritível acendeu uma percepção nova - estou morto. O túnel não era extenso, mas não tinha como precisar a extensão. Ao fundo um imenso portão. Resolveu ou acha que ouviu uma voz dizer para seguir em frente.

Achou interessante contar os passos para ter a medida aproximada e foi andando e contando contando contando até chegar a 2.694 passos. Achou aquilo estranho pois o portão permanecia no mesmo lugar. Achou que contar os passos estava relacionado com aquela situação. Assim que deu poucos passos, deu com a enorme estrutura de madeira, alta, muito alta. Tocou-lhe com a mão, empurrou com as duas mãos, com o ombro, de costas forçando os pés no chão e nada.

Ao olhar para o lado esquerdo viu uma pequena campainha. à medida que se aproximava, parecia que ela subia mais um pouco. A chegar embaixo de onde estava, levantando a mão ainda faltava mais um braço de altura. Pulou, tentou de todas as formas de impulso e nada. Cansado, sentou-se e voltou os olhos para o outro lado do túnel. Viu ao longe um portal, sem portas, sem nada. Riu da situação. Por que não fez isto antes? - pensou. 

Resolveu correr, e quanto mais corria, mais distante o portal ficava. Parou e foi andando devagar, deu uns vinte passos no máximo e já estava no portal. Deu uma gargalhada de vitória. Quando foi entrar, um velhinho sentado numa cadeira rústica levantou-se, colocou a mão no seu peito e perguntou o nome.   

José da Silva Silveira 

CPF?

777.555.999 -17

Nome da mãe?

Maria Silva Silveira

Está certo. Pode entrar.

Porquê?

Como assim?

Porquê tenho que entrar aqui e não naquela porta no fim do corredor?

Você quer ir pela porta do fim do corredor? Tem certeza?

Sentiu um frio enorme correr pelo corpo. - hummmm, não! Não tenho certeza. 

Enquanto conversavam, veio pedalando um rapaz destes tipo delivery. Desceu da bicicleta, colocou-a cuidadosamente no gramado, chegou próximo ao idoso, olharam-se e parece que conversavam sem abrir a boca. O idoso fitou-o, alisou a barba e apontou para o portão ao fim do túnel. Volte, disse sem alterar o tom de voz. Vá até o portão e dê três batidas.

Virou-se para olhar o portão e ao retornar a face, o portal desaparecera. Caminhou até o portão, deu três batidas e acordou no leito de uma UTI. Descobriu que estava ali já a quarenta e cinco dias. 

É isto aí!

        

           

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