Atravessando a avenida de cinco pistas de cada lado, tropeçou e ao levantar estava num túnel brilhante, mas não a ponto de cegar sua visão. Um silêncio indescritível acendeu uma percepção nova - estou morto. O túnel não era extenso, mas não tinha como precisar a extensão. Ao fundo um imenso portão. Resolveu ou acha que ouviu uma voz dizer para seguir em frente.
Achou interessante contar os passos para ter a medida aproximada e foi andando e contando contando contando até chegar a 2.694 passos. Achou aquilo estranho pois o portão permanecia no mesmo lugar. Achou que contar os passos estava relacionado com aquela situação. Assim que deu poucos passos, deu com a enorme estrutura de madeira, alta, muito alta. Tocou-lhe com a mão, empurrou com as duas mãos, com o ombro, de costas forçando os pés no chão e nada.
Ao olhar para o lado esquerdo viu uma pequena campainha. à medida que se aproximava, parecia que ela subia mais um pouco. A chegar embaixo de onde estava, levantando a mão ainda faltava mais um braço de altura. Pulou, tentou de todas as formas de impulso e nada. Cansado, sentou-se e voltou os olhos para o outro lado do túnel. Viu ao longe um portal, sem portas, sem nada. Riu da situação. Por que não fez isto antes? - pensou.
Resolveu correr, e quanto mais corria, mais distante o portal ficava. Parou e foi andando devagar, deu uns vinte passos no máximo e já estava no portal. Deu uma gargalhada de vitória. Quando foi entrar, um velhinho sentado numa cadeira rústica levantou-se, colocou a mão no seu peito e perguntou o nome.
José da Silva Silveira
CPF?
777.555.999 -17
Nome da mãe?
Maria Silva Silveira
Está certo. Pode entrar.
Porquê?
Como assim?
Porquê tenho que entrar aqui e não naquela porta no fim do corredor?
Você quer ir pela porta do fim do corredor? Tem certeza?
Sentiu um frio enorme correr pelo corpo. - hummmm, não! Não tenho certeza.
Enquanto conversavam, veio pedalando um rapaz destes tipo delivery. Desceu da bicicleta, colocou-a cuidadosamente no gramado, chegou próximo ao idoso, olharam-se e parece que conversavam sem abrir a boca. O idoso fitou-o, alisou a barba e apontou para o portão ao fim do túnel. Volte, disse sem alterar o tom de voz. Vá até o portão e dê três batidas.
Virou-se para olhar o portão e ao retornar a face, o portal desaparecera. Caminhou até o portão, deu três batidas e acordou no leito de uma UTI. Descobriu que estava ali já a quarenta e cinco dias.
É isto aí!
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