Nunca publiquei esta mensagem que recebi em 18 de abril de 2013. Na época achei que não seria legal. Mas hoje, revendo as mensagens guardadas, resolvi postá-la na íntegra. É uma carta longa, um desabafo de uma mulher desconhecida. Não sei se até hoje vem ao Blog, mas está aí. Pede um conselho, e disse que fechou os olhos para a verdade . Creio que não queria nada, mas apenas achou uma forma de desabafar com um anônimo. Não quer respostas, pois sabe antecipadamente quais seriam.
Mateus 5,4
Bem aventurados os que choram, pois serão consolados
A mensagem começa aqui:
Olá! Vou contar meu caso por que preciso falar com alguém. É apenas uma história comum, você não me conhece, sou leitora da Pitangueira e já li outras cartas de outras pessoas postadas nela. Talvez não tenha como me ajudar, mas estou muito indecisa e neste
caso quero agir da melhor maneira para mim e para meus filhos.
Tenho 32 anos e acontece que sou casada há dez anos depois de seis de namoro.
Meus problemas começaram muito antes de casar, pois quando ainda no namoro não estava convencida do nosso amor e ele foi muito, mas muito insistente mesmo. Tínhamos
amigos em comum, o que nos incentivou a ir para frente e, a princípio, ele parecia
muito animado e parecia boa pessoa e assim tocamos a vida.
Bem, este é o ponto onde iniciam meus problemas - deveria ter rompido quando a história não tinha muitos capítulos. Mesmo no noivado pouco saíamos, e é aí onde acho que começaram as mentiras. Até pensei que eu poderia contar muito com a ajuda da minha família, mas sufocaram as mudanças do meu coração.
Ele tinha um bom emprego e um bom salário, mas gastava tudo e sempre estava no vermelho no banco. Comprando coisas desnecessárias, como o mais novo celular, o último
computador, presentes caros para mim, presentes caros para família etc, enfim era uma mão aberta demais e eu ficava muito irritada com ele. Em conversa com duas grandes amigas daquela época, diziam que, como éramos
jovens, aquilo passaria, que poderia mudá-lo ao longo do tempo. Nós nos casamos e
continuou com a sua mão aberta e eu pensava que quando viessem os filhos, tudo mudaria, a coisa era questão de tempo e que eu deveria dar-lhe uma chance.
Quando meu segundo filho nasceu, veio a grande mentira e o
que me impressionou desde então foi a sua frieza. Eu, já há algum tempo, havia tomado a decisão de manter os fatos fora da vista e longe do coração, mas foi tão óbvio, que não tive escolha a não ser ver.
Começaram a chegar faturas do celular com valores maiores, e aquilo estava ficando intrigante. Um dia eu estava levando as crianças para passear, e ouvi o sinal de uma mensagem. Meu filho pegou o aparelho e inocentemente me entregou - estava sob o banco, e caiu do bolso do paletó dele.
Estacionei e verifiquei a mensagem, era de amor, enviada por uma colega de seu trabalho. Você pode imaginar como eu fiquei nervosa, trêmula e chorosa. Apesar de ter
sido sempre um mentiroso, nunca tinha passado pela minha cabeça que iria fazer isso e muito mais quando nós tivemos um segundo filho.
Bem, este
foi o pior problema que eu tinha enfrentado até então em minha vida. Fui para a casa da minha mãe e ao anoitecer liguei para ele usando o nome da moça - disse que não fizesse mais isto, porque sua esposa era uma vaca louca, e que assim que pudesse sairia para viverem felizes. Fiquei sem chão. Dormi na minha mãe com as crianças sem falar nada nem o motivo. Ele também não ligou para mim.
Na manhã seguinte liguei para a moça e disse que já sabia de tudo, então me falou que era tudo verdade e que o amava muito. Cheguei em casa arrasada. Ele já havia saído. Queria morrer, sumir, fugir, mas e os filhos? Meus filhos adoram seu pai, e até mesmo por que para eles é um pai
maravilhoso. Na verdade, eu estava com medo dele não me deixar em paz para criar meus
filhos. Tinha medo de que meu filho não me perdoasse, estava com medo
dos danos que poderia fazer para minha família se fose embora, eu estava com
medo de mudar de vida. Ir para onde?
A noite chegou, e com ela a sua volta. Chegou como se nada soubesse, abraçou as crianças, deu presentes para eles, e nem me olhou. Fui para o quarto. Entrou em silêncio, e ficou me olhando com raiva:
- Você é uma idiota, disse, uma mulher fria, insensível, analfabeta e domesticazinha. Você não sabe nem fazer sexo. Olhe para você - ligar para uma moça que nem conhece para conferir uma história ridícula. Todos do escritório riram de você. Ela tirou sarro da sua cara e você acreditou. Quem você pensa que é? Cadê meu telefone? Onde você escondeu desta vez?
- Está aqui....entreguei trêmula.
- Pegou com uma mão e esbofeteou-me com a outra. Caí sem forças. Idiota. Levante-se. Ela está lá fora esperando você para explicar que tudo foi uma brincadeira. Vá lá e peça desculpas.
- Não vou - outra bofetada. Não vou - outra.... para, por favor... apanhei mais uma vez. Dormi ali mesmo, com frio e toda urinada.
Quando tudo isso aconteceu, ele me disse que era minha
culpa, que me amava, mas eu sobrecarregava muito ele, e passou sempre a me xingar e ficava carrancudo em casa, então eu pensei que talvez ele estava certo e deveria ser
mais flexível com as coisas e viver mais relaxada e me preocupar menos com as
coisas. Eu decidi que eu não tive a coragem de sair e fui para frente, mas
desde então, não tem um único dia ou um minuto que eu não me lembro o dano que eu
fiz em mim mesma.
As coisas só pioraram, com o ambiente familiar em permanente crise, apesar de nunca mais querer saber nada dele. Um dia fiquei grávida do meu terceiro filho e se de um
lado estava feliz, por outro lado estava triste porque isso
significava ficar mais ligada ainda ao meu marido.
Com o passar do tempo, passei a receber telefonemas ameaçadores de dois homens que falavam em uma dívida. Falei com ele - disse que era uma dívida de jogo e logo pagaria, mas nunca pagava. Um dia vieram aqui e tomaram o carro. Ele não falou nada. No dia seguinte chegou com outro carro e sorriu.
Ao longo desses anos, percebi que minhas amigas estavam erradas. Ninguém muda outra pessoa, que não quer mudar. Ele vai
continuar a ser um mentiroso por toda a sua vida e acho que é uma vida louca. Eu também
percebo que eu sempre terei problemas econômicos com ele. Eu sempre faço uma
revisão de tudo e repito mil vezes que sou uma idiota por estar com ele.
Agora eu preciso de você para me ajudar. Não sei se há necessidade
de dizer-me para deixá-lo. Estou confusa. Eu só quero que coloque-se em meu lugar. Tenho três
filhos maravilhosos que adoram seu pai (eu acho que mesmo se eu tivesse que
escolher entre a mãe e o pai escolheria o pai), meus filhos estão vivendo muito
felizes e alheios a tudo, eu vivo em uma bela casa, meu marido é adorado por todos
(eu nunca disse a ninguém como vivo com ele), têm excelente emprego e,
aparentemente, tem uma vida muito feliz (eu levo a minha dor para meu mundo interior).
Nossos amigos e família sabem que ele é muito criativo, inteligente e trabalhador, e dedicado aos filhos.
Mas ele tem outra mulher, mais nova, que não é mais aquela, é uma mocinha que já vi no seu carro, ao passar por mim na rua. Talvez tenha outras além desta. E sempre que estou com raiva, ele gosta disso, como se o
que ele faz é a coisa mais normal do mundo e eu sou uma histérica alarmista.
Será que posso lhe ensinar uma lição? Minha história é muito maior que isto, mas por favor, eu peço alguns
conselhos que você poderia me dar para lidar com esse problema que eu vivo.
Obrigada por tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gratidão!