Copiei e colei
Autora: Profª Marta Siqueira de Godoi Sampaio
Numa barulhenta esquina da Cidade do México, dois velhos
amigos se esbarram e surpresa, Carmen Mercedes quase a gritar, pergunta,
ansiosa:
- Rodolfo Ramon, como vai? E a sua virtuosa mãe? Recuperando
daquele mal que a deixou acamada?
Carmen Mercedes aproxima-se mais abraçando fortemente o
amigo.
Rodolfo Ramon retribui o abraço e afasta-se e, lentamente,
olhando Carmen Mercedes nos olhos, e, apertando as mãos, responde:
- Não queira saber, Carmen Mercedes! Antônia Madalena, minha
amada mãe, passa os dias entrevada no leito de morte a gemer dia e noite, noite
e dia!
Carmen Mercedes, pesarosa, coloca as mãos sobre as mãos e
depois no rosto de Rodolfo Ramon e tenta confortar o amigo:
- Oh, meu Deus! Quanto sofrimento para um ser humano tão
cheio de predicativos!
Rodolfo Ramon quase a soluçar:
- Pois, sim estimada amiga! Meus dias de tormenta são
intermináveis! Finjo viver para não machucar ainda mais a minha sofrida mãe! No
íntimo estou morto!
E os dois se abraçam e choram em ombro amigo.
- Oh,
Rodolfo Ramon!
- Oh,
Carmen Mercedes!
Gentilmente, ele tira um alvo lenço do bolso do paletó de
risca de giz e seca as caudalosas lágrimas de Carmen Mercedes enegrecidas de
rímel. E ela retribuindo a gentileza, ajeita com pontiagudas unhas rubras uma
fina mecha de cabelos que teimou em sair do topete negro esculpido em gel de
Rodolfo Ramon. Se abraçam novamente e depois se separam sem mais se olharem nos
olhos. Assim, cada um vai carregando nos ombros fatigados, pelas ruas
mexicanas, os flagelos da vida.
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