sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Vai, pensamento, sobre asas douradas"


Fonte da Imagem: Wikipedia Commons -  The temple scene (La Scala revival of 1913)


Nabucco é uma ópera em quatro atos de Giuseppe Verdi, com libreto de Temistocle Solera, escrita em 1842. A ação da ópera conta a história do rei Nabucodonosor da Babilônia.

Foi escrita durante a época da ocupação austríaca no norte da Itália e, por meio da várias analogias, suscitou o sentimento nacionalista italiano. O Coro dos Escravos Hebreus, no terceiro ato da ópera (Va, pensiero, sull'ali dorate, "Vai, pensamento, sobre asas douradas") tornou-se uma música-símbolo do nacionalismo italiano, que até hoje representa o sentimento nacional.

Lembrei disto hoje ao ler quatro reportagens sobre nosso berço latino. E nenhuma dela agrada. A primeira diz respeito a uma tomada de decisão que atinge a todos os moradores da Itália e a todos os turistas que a visitam. O Conselho de ministros italianos votaram a favor do aumento do controle de capital, mediante a proibição de dinheiro da moeda, nas transações a partir dos 1000 euros (medida que se mantem atualmente em vigor desde Julho de 2012) em qualquer transação acima dos 50 euros.

Na prática está proibida a circulação de dinheiro em espécie na bota europeia, forçando assim o fortalecimento da fiscalização nas transações por via bancária.

O seguinte passo na sociedade sem dinheiro em espécie será obrigar as pessoas a que vinculem os seus cartões e contas  bancarias a um  telefone celular. Uma pessoa sem conta no  banco, sem um cartão de débito ou crédito  e sem um celular, não poderá, por exemplo, comprar os seus móveis na  Itália, nem comprar um bilhete de ônibus interurbano se o custo for superior a 50 euros. Ao contrário disto, o “crime” de não ter uma conta ou de evitar o uso de cartões  bancários, poderá ser castigado.

A outra notícia refere-se a um forte terremoto que abalou nesta madrugada/manhã de sexta-feira o sul da Itália. Tomara que tudo termine bem. É muita tragédia de uma morte anunciada a dezenove séculos atrás, lá em Patmos, propriedade romana por séculos, que é uma minúscula ilha dentro da territorialidade marítima turca, no Mar Egeu, mas administrada por gregos.

Patmos foi usada como um lugar de banimento durante os tempos romanos, e parece que baniram palavras que ecoaram de suas grutas.

Na terceira, o Tribunal de Primeira Instância de Milão condenou esta sexta feira Silvio Berlusconi a quatro anos de prisão por apropriação indevida, fraude fiscal e falsificação de contas no âmbito do processo conhecido como Mediaset. A sentença prevê igualmente que o ex ministro italiano não poderá exercer qualquer cargo público durante três anos e que terá de devolver 10 milhões de euros ao fisco.

Caso seja confirmada esta sentença contra Berlusconi, será somada às três anteriores e ele será mais uma vez sendo beneficiado por uma lei de anistia que data de 2006 e que visa combater a sobrelotação das prisões, criada no seu governo...

Na quarta e última que li, a classe operária está chamando a população para uma Greve Geral no dia 14 de Novembro, e o governo já avisou que o pau vai comer no lombo magro da patuléia.

Como diz a música de Verdi, entoada pelos judeus: Reacende a memória no nosso peito, Fale-nos do tempo que passou! Lembra-nos o destino de Jerusalém...


É isto aí!




Va', pensiero, sull'ali dorate.
Va', ti posa sui clivi, sui coll,
ove olezzano tepide e molli
l'aure dolci del suolo natal!
Del Giordano le rive saluta,
di Sionne le torri atterrate.
O mia Patria, sì bella e perduta!
O membranza sì cara e fatal!
Arpa d'or dei fatidici vati,
perché muta dal salice pendi?
Le memorie del petto riaccendi,
ci favella del tempo che fu!
O simile di Solima ai fati,
traggi un suono di crudo lamento;
o t'ispiri il Signore un concento
che ne infonda al patire virtù
che ne infonda al patire virtù
al patire virtù!
Vá, pensamento, sobre as asas douradas
Vá, e pousa sobre as encostas e as colinas
Onde os ares são tépidos e macios
Com a doce fragrância do solo natal!
Saúda as margens do jordão
E as torres abatidas do sião.
Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada de desígnios fatídicos,
Porque você chora a ausência da terra querida?
Reacende a memória no nosso peito,
Fale-nos do tempo que passou!
Lembra-nos o destino de jerusalém.
Traga-nos um ar de lamentação triste,
Ou o que o senhor te inspire harmonias
Que nos infundam a força para suportar o sofrimento.


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