Checou calmamente os documentos solicitados, ficou com as fotocópias devidamente rubricadas, devolveu os originais conferidos, em envelope impresso da Companhia, e abriu o acesso para um extenso corredor. Apontou para a terceira porta da esquerda, onde deveriam aguardar novas instruções.
Celeste empurrou as duas, apressou o passo, chegou na frente da porta, rodou a maçaneta e... estava trancada. Tentou abrir novamente, bateu na porta, aguardou ansiosa, bateu de novo. Que coisa! Voltou imediatamente à recepção, que estava vazia. Quando retornou ao corredor, também estava vazio. Correu em direção à porta indicada - trancada.
Desesperou-se. Bateu, chamou, bateu mais forte, chamou mais alto, tornou a bater com maior intensidade, gritou para abrirem. A terceira porta da direita abriu, voltou-se em desespero. Surgiu uma moça em elegante uniforme azul marinho que indagou-lhe com os olhos. Explicou os motivos aos gritos. A moça balançou a cabeça de forma negativa e tornou a fechar a porta. Celeste correu em sua direção - já estava trancada. Começou a chorar.
Tentou a segunda porta - trancada. Tentou a primeira porta da direita - aberta. Com a força que impulsionou a maçaneta, perdeu o equilíbrio, torceu o pé, quebrou o salto de dez centímetro e caiu de joelhos na sala. Ao levantar-se, bateu violentamente com a cabeça na quina de uma mesa, desmanchando o penteado, e tornou a ir de encontro ao piso. Arrastou-se contorcendo em dor no tornozelo pela torção, nos joelhos pela queda e na cabeça pelo impacto com a mesa, até sentar-se no chão, encostada na parede. Ainda sem fôlego, juntou os documentos espalhados, tirou os sapatos e colocou-os na bolsa.
Percebeu que rasgara a meia, muito cara, que comprara especialmente para a ocasião. Olhou, não viu ninguém, e começou a se desfazer da peça. Quando estava com ela já no meio das coxas, viu os seus óculos cuja armação importada custara seu acerto do emprego anterior, caído sob a mesa. Curvou-se para apanhá-lo e neste intervalo, a porta se abriu e entraram dois cavalheiros finamente trajados.
Celeste levantou-se descabelada, olhou para um lado, olhou para o outro... gente, eu podia jurar que o banheiro feminino era aqui, e saiu correndo, desesperada, mancando, meia-calça semi abaixada com a parte de trás da saia presa por dentro, descalça e com a visão turva. Sumiu para nunca mais voltar.
É isto aí!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gratidão!