http://www1.folha.uol.com.br/tec/1095933-smartphone-e-acordo-com-o-diabo-diz-super-hacker.shtml
Ele foi chamado de "a peste que envergonha as empresas para que corrijam falhas de segurança", em perfil da revista "Wired", e foi listado como um dos "dez manipuladores da internet" pela "PC World", graças à influência de suas ações na rede.
O americano Christopher Soghoian, 30, construiu essa
reputação --e uma carreira-- denunciando brechas em sistemas de companhias,
como Google, Facebook e AT&T, que levavam à exposição dos dados de seus
usuários.
Ele virá pela primeira vez ao Brasil nesta semana para
participar da conferência de direitos humanos e tecnologia RightsCon, que
acontece nas próximas quinta e sexta, no Rio.
[Soghoian diz que a vigilância governamental ficou mais
barata e eficiente com o avanço tecnológico e graças ao apoio das empresas
privadas.
Até poucos anos atrás, ter um aparato de vigilância era
complexo e caro, o que forçava o governo a limitar os alvos. Hoje, todo mundo
pode ser alvo, porque é barato vigiar todos -afinal, boa parte de nós leva um
"agente secreto" no próprio bolso: o smartphone.
"Eles são um acordo com o diabo. Ganhamos esses
aparelhos extremamente convenientes, mas eles não trabalham em nosso benefício.
Aplicativos podem vasculhar dados e enviá-los sem nos consultar. As empresas
podem pedir para nossos telefones indicarem onde estamos. O smartphone é como
um agente secreto do governo, pelo qual pagamos."]
"MODELO TÓXICO"
Ele participará do painel "O Futuro do Modelo de
Negócios On-line", na sexta, às 11h45. Sua visão sobre o tema: o atual
modelo de negócios na rede não combina com privacidade e, portanto, não deveria
ter futuro.
"Esse modelo apoiado em publicidade, no qual recebemos
serviços de graça em troca de nossos dados, é tóxico e fundamentalmente
incompatível com a proteção da nossa privacidade", diz Soghoian à Folha
por telefone, de Washington, onde mora.
"Apesar de estarmos todos usando serviços gratuitos, é
um mau negócio, e deveríamos considerar pagar por e-mails da mesma forma que
pagamos por ligações."
Com os usuários pagando, crê o americano, as empresas
poderiam (se quisessem) deixar de armazenar dados privados, pois não
precisariam mais deles para lucrar.
Com isso, deixariam de ser as fontes às quais os governos
recorrem regularmente para vigiar seus cidadãos.
"Nossos dados pessoais estão cada vez mais nas mãos de
empresas, e elas ajudam governos na vigilância. Seus papéis como facilitadoras
não são bem conhecidos. Meu foco tem sido explorar e expor esse
relacionamento."
LEVE PARANOIA
Autor do blog Slight Paranoia ("leve paranoia", em
inglês; paranoia.dubfire.net), Soghoian se descreve como "basicamente um
hippie".
"É o que a maioria das pessoas pensa quando me vê. Sou
vegetariano, tenho cabelo comprido, barba, me desloco de bicicleta e sou o
único de camiseta e bermuda em todas as minhas reuniões."
O interesse por aspectos legais da privacidade on-line
emergiu em 2006, após ter a casa invadida pelo FBI -ele ensinara, num site, a
driblar o controle de segurança nos aeroportos, com cartões de embarque falsos;
queria expor a fragilidade do sistema. "Sempre tive problemas com
autoridades. Não gosto que me digam o que fazer."
ESPIONAR É BARATO
Soghoian diz que a vigilância governamental ficou mais
barata e eficiente com o avanço tecnológico e graças ao apoio das empresas
privadas.
Até poucos anos atrás, ter um aparato de vigilância era
complexo e caro, o que forçava o governo a limitar os alvos. Hoje, todo mundo
pode ser alvo, porque é barato vigiar todos -afinal, boa parte de nós leva um
"agente secreto" no próprio bolso: o smartphone.
"Eles são um acordo com o diabo. Ganhamos esses
aparelhos extremamente convenientes, mas eles não trabalham em nosso benefício.
Aplicativos podem vasculhar dados e enviá-los sem nos consultar. As empresas
podem pedir para nossos telefones indicarem onde estamos. O smartphone é como
um agente secreto do governo, pelo qual pagamos."
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