Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
Quatro brasileiros em lista internacional de corrupção
Débora Alvares - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - No momento em que os brasileiros acompanham o
desenrolar de mais um escândalo de desvio de dinheiro público, o Banco Mundial
lança um banco de dados em que cita 150 casos internacionais de corrupção. São
diversas ocorrências em todo o mundo. E o Brasil não passa despercebido. Entre
os representantes estão o deputado Paulo Maluf e o banqueiro Daniel Dantas.
Batizado de The Grand Corruption Cases Database Project, o
projeto reúne informações de casos em que foram comprovadas movimentações
bancárias de pelo menos US$ 1 milhão relacionados à corrupção e lavagem de
dinheiro. A ideia teve origem em um relatório publicado pelo Banco Mundial no
fim do ano passado. Segundo o estudo, a corrupção movimenta cerca de US$ 40
bilhões por ano no mundo.
O banco de dados coloca à disposição documentos e
informações dos processos de cada caso, mas não há um ranking dos mais
corruptos ou de qual país concentra casos mais graves e onerosos aos cofres
públicos.
Entre os brasileiros presentes no levantamento, chama a
atenção a dupla aparição do ex-prefeito da capital paulista e deputado federal,
Paulo Maluf. Na primeira vez em que aparece no sistema, ele é acusado pelo
procurador-geral de Nova York de movimentar US$ 140 milhões no Banco Safra,
entre 1993 e 1996. Em outro processo, é acusado de desviar dinheiro de
pagamentos fraudulentos para contas em bancos em Nova York e na Ilha de
Jersey, no Reino Unido. O assessor de imprensa de Maluf, Adilson Laranjeira,
disse ontem que "Paulo Maluf não tem nem nunca teve conta no
exterior".
O banqueiro Daniel Dantas também é citado no banco de dados
criado pelo Banco Mundial pelo caso do Grupo Opportunity, em 2008, quando teve
US$ 46 milhões bloqueados em contas do Reino Unido. Em nota, o Opportunity
afirma que esse relatório é datado de 2008 e está desatualizado. "Em 2008,
a farsa da Satiagraha ainda não havia sido desmascarada em toda a sua extensão.
Por conta de possíveis erros como esse, o Banco Mundial expressamente não
garante a veracidade das informações."
O fundador e ex-presidente do Banco Santos Edemar Cid
Ferreira também aparece na relação. Edemar rechaçou a publicação, alertando
sobre a existência de um disclamer - segundo ele, um aviso da própria
instituição de que "as constatações, interpretações e conclusões expressas
no banco de dados não refletem necessariamente a opinião dos diretores
executivos do Banco Mundial ou dos governos que eles representam".
O caso do propinoduto, que envolveu o ex-subsecretário de
Administração Tributária do Rio Rodrigo Silveirinha Correa e outros três
fiscais e quatro auditores da Receita Federal, também é citado. "Meu
cliente é acusado de corrupção passiva, mas até hoje não foi identificado
nenhum corruptor", afirmou o advogado de Silveirinha, Fernando Fragoso.
Segundo ele, o fiscal não tomou conhecimento da citação do seu caso na lista.
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