domingo, 25 de novembro de 2012

As Reações Psicológicas à Doença e ao Adoecer



Alto lá - este texto não é meu - Copiei e colei.
Quem escreveu: Flaviana Dalla Vechia e Márcia Lisboa

Freud, em 1914, em seu livro "Sobre o Narcisismo: uma introdução", já definia bem o sentimento de um indivíduo atormentado pela dor: "deixa de se interessar pelas coisas do mundo externo porque não dizem respeito ao seu sofrimento; (...) enquanto sofre, deixa de amar".

A doença é vista pelo indivíduo como uma ameaça do destino. Ela modifica a relação do paciente com o mundo e consigo mesmo. Desencadeia uma série de sentimentos como impotência, desesperança, desvalorização, temor, apreensão... É uma dolorosa ferida no sentimento de onipotência e de imortalidade.

É claro que o tipo e intensidade das reações vão variar de acordo com uma série de características da doença e do próprio indivíduo:

- caráter breve e duradouro da doença e seu prognóstico
- personalidade e capacidade de tolerância a frustrações do indivíduo;
- relação com o médico e demais membros da equipe de saúde.

Pode-se dizer que tais reações variam em torno de três possibilidades:

- Pacientes que se entregam à doença, à dor e ao desespero; são aqueles que não lutam.
- Pacientes que tratam a doença como se fosse banal, mesmo sendo grave;
- Pacientes que promovem mudanças em sua vida, tentando se adaptar à situação adversa.

Apesar de todos esses sofrimentos provocados pelo fato de se estar doente, pode-se dizer que os pacientes têm certos "ganhos" chamados de diretos ou primários e secundários. As gratificações diretas referem-se ao conflito inicial (interno) que gerou o sintoma psíquico. Para evitar o contato com a ansiedade que o conflito gera a pessoa "desenvolve" o sintoma e concentra sua atenção nele (e não no conflito e na ansiedade). Já os ganhos secundários relacionam-se aos ganhos externos que a pessoa recebe em conseqüência da doença: mais atenção, afastamento do trabalho ou de alguém, ganhos materiais, etc.

Assim, independente dos "ganhos" obtidos , todo processo de adoecer ativa mecanismos fisiológicos para restabelecer a homeostase e mobiliza defesas psicológicas no paciente. Entre as possíveis reações emocionais podemos destacar: regressão, negação, minimização, raiva e culpa, "depressão"#, "doctor shopping", rejeição, pensamento mágico e aceitação.

Regressão: é a primeira e mais constante das consequências psíquicas. O paciente adota um comportamento infantil, de dependência e egocentrismo. Essa reação é útil na medida que o paciente se deixa ajudar, renuncia temporariamente as suas atividades habituais e aceita a hospitalização.

Negação: "Não, não é, não pode ser!!". É uma defesa contra a tomada de consciência da enfermidade, que consiste na recusa parcial ou total da percepção do fato de estar doente, sendo frequentemente encontrada nas fases iniciais das doenças agudas (IAM) ou de prognóstico grave (câncer).

Minimização: o paciente tenta diminuir a gravidade do seu problema.

Raiva e Culpa: "Por que logo eu?", "Que foi que eu fiz para merecer isto?". Um dos primeiros alvos é o médico: o paciente questiona a validade do diagnóstico, troca de profissional. Esses sentimentos podem ser dirigidos também a outras pessoas de convívio próximo ou a si próprio.

"Depressão"#: Todo paciente, independente do diagnóstico e da gravidade do seu problema, apresenta um componente "depressivo" consequente à perda de sua saúde. Ocorre devido ao ataque à imagem corporal, à auto estima e ao sentimento de identidade do indivíduo.

# Cabe ressaltar que o termo "depressão" está sendo utilizado aqui no sentido de desmoralização; e, não enquanto doença depressiva, como o episódio depressivo (CID-10) ou depressão maior (DSM-IV).

"Doctor Shopping": o paciente sai em busca de alternativas ou de pessoas que se proponham a restabelecer sua saúde. Faz um verdadeiro "shopping" de médicos.

Rejeição: o paciente já tomou conhecimento de sua doença, tem certeza de sua existência mas evita falar ou realizar atividades que lembrem a enfermidade.

Pensamento mágico: é a crença de que um ritual pode reverter o seu quadro.

Aceitação: permanente tentativa de buscar uma "convivência razoável" com a doença. Não significa uma aceitação passiva nem uma submissão à doença, mas sim que a reação depressiva provocada pela doença pode ser elaborada e controlada pelo paciente.

Qualquer profissional da área da saúde ao terminar de ler este artigo relembrou muitas situações nas quais sentiu essas mesmas emoções ao tratar seus pacientes. Isso é um grande aprendizado! Não são somente os pacientes que se sentem frustrados, atemorizados, mas também toda a família, amigos e profissionais envolvidos.

Assim, o papel desses profissionais é ver o paciente como um todo, ser sensível às reações do mesmo e mostrar as perspectivas reais que existem quanto a sua recuperação. Deve-se respeitar o "tempo interno" do doente e não forcá-lo a aceitar toda a verdade de uma vez!



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