Alto lá - este texto não é meu - Copiei e colei.
Quem escreveu: Flaviana Dalla Vechia e Márcia Lisboa
Onde escreveu: http://www.ccs.ufsc.br/psiquiatria/981-08.html
Freud, em 1914, em seu livro "Sobre o Narcisismo: uma
introdução", já definia bem o sentimento de um indivíduo atormentado pela
dor: "deixa de se interessar pelas coisas do mundo externo porque não
dizem respeito ao seu sofrimento; (...) enquanto sofre, deixa de amar".
A doença é vista pelo indivíduo como uma ameaça do destino.
Ela modifica a relação do paciente com o mundo e consigo mesmo. Desencadeia uma
série de sentimentos como impotência, desesperança, desvalorização, temor,
apreensão... É uma dolorosa ferida no sentimento de onipotência e de
imortalidade.
É claro que o tipo e intensidade das reações vão variar de
acordo com uma série de características da doença e do próprio indivíduo:
- caráter breve e duradouro da doença e seu prognóstico
- personalidade e capacidade de tolerância a frustrações do
indivíduo;
- relação com o médico e demais membros da equipe de saúde.
Pode-se dizer que tais reações variam em torno de três
possibilidades:
- Pacientes que se entregam à doença, à dor e ao desespero;
são aqueles que não lutam.
- Pacientes que tratam a doença como se fosse banal, mesmo
sendo grave;
- Pacientes que promovem mudanças em sua vida, tentando se
adaptar à situação adversa.
Apesar de todos esses sofrimentos provocados pelo fato de se
estar doente, pode-se dizer que os pacientes têm certos "ganhos"
chamados de diretos ou primários e secundários. As gratificações diretas
referem-se ao conflito inicial (interno) que gerou o sintoma psíquico. Para
evitar o contato com a ansiedade que o conflito gera a pessoa
"desenvolve" o sintoma e concentra sua atenção nele (e não no
conflito e na ansiedade). Já os ganhos secundários relacionam-se aos ganhos
externos que a pessoa recebe em conseqüência da doença: mais atenção,
afastamento do trabalho ou de alguém, ganhos materiais, etc.
Assim, independente dos "ganhos" obtidos , todo
processo de adoecer ativa mecanismos fisiológicos para restabelecer a
homeostase e mobiliza defesas psicológicas no paciente. Entre as possíveis
reações emocionais podemos destacar: regressão, negação, minimização, raiva e
culpa, "depressão"#, "doctor shopping", rejeição,
pensamento mágico e aceitação.
Regressão: é a primeira e mais constante das consequências
psíquicas. O paciente adota um comportamento infantil, de dependência e
egocentrismo. Essa reação é útil na medida que o paciente se deixa ajudar,
renuncia temporariamente as suas atividades habituais e aceita a
hospitalização.
Negação: "Não, não é, não pode ser!!". É uma
defesa contra a tomada de consciência da enfermidade, que consiste na recusa
parcial ou total da percepção do fato de estar doente, sendo frequentemente
encontrada nas fases iniciais das doenças agudas (IAM) ou de prognóstico grave
(câncer).
Minimização: o paciente tenta diminuir a gravidade do seu
problema.
Raiva e Culpa: "Por que logo eu?", "Que foi
que eu fiz para merecer isto?". Um dos primeiros alvos é o médico: o
paciente questiona a validade do diagnóstico, troca de profissional. Esses
sentimentos podem ser dirigidos também a outras pessoas de convívio próximo ou
a si próprio.
"Depressão"#: Todo paciente, independente do
diagnóstico e da gravidade do seu problema, apresenta um componente
"depressivo" consequente à perda de sua saúde. Ocorre devido ao
ataque à imagem corporal, à auto estima e ao sentimento de identidade do
indivíduo.
# Cabe ressaltar que o termo "depressão" está
sendo utilizado aqui no sentido de desmoralização; e, não enquanto doença
depressiva, como o episódio depressivo (CID-10) ou depressão maior (DSM-IV).
"Doctor Shopping": o paciente sai em busca de
alternativas ou de pessoas que se proponham a restabelecer sua saúde. Faz um
verdadeiro "shopping" de médicos.
Rejeição: o paciente já tomou conhecimento de sua doença,
tem certeza de sua existência mas evita falar ou realizar atividades que
lembrem a enfermidade.
Pensamento mágico: é a crença de que um ritual pode reverter
o seu quadro.
Aceitação: permanente tentativa de buscar uma
"convivência razoável" com a doença. Não significa uma aceitação
passiva nem uma submissão à doença, mas sim que a reação depressiva provocada
pela doença pode ser elaborada e controlada pelo paciente.
Qualquer profissional da área da saúde ao terminar de ler
este artigo relembrou muitas situações nas quais sentiu essas mesmas emoções ao
tratar seus pacientes. Isso é um grande aprendizado! Não são somente os
pacientes que se sentem frustrados, atemorizados, mas também toda a família, amigos
e profissionais envolvidos.
Assim, o papel desses profissionais é ver o paciente como um
todo, ser sensível às reações do mesmo e mostrar as perspectivas reais que
existem quanto a sua recuperação. Deve-se respeitar o "tempo interno"
do doente e não forcá-lo a aceitar toda a verdade de uma vez!
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