Alto lá! Este texto não é meu. Eu copiei e colei.
Quem escreveu? Haroldo Pereira Barbosa - RJ
Onde escreveu? http://www.recantodasletras.com.br/artigos/77054
A quem interessa a violência urbana?
Temos ouvido
diariamente boatos de que a população de Esquesópolis (onde tudo é esquecido
com facilidade) não agüenta mais o clima de violência que assola as cidades
grandes. Isto nos faz pensar que a maior parte da sociedade está pronta para
pressionar seus zelosos representantes nas câmaras no sentido de adotarmos
rápidas medidas (simples) para reduzir os índices a níveis suportáveis. No
entanto, o tempo passa e nada melhora, pois tal pressão não acontece. Na
verdade, existem diversos segmentos interessados neste estado de calamidade.
Observemos alguns:
01) Políticos - notícias dolorosas desviam a atenção de
escândalos fiscais e desvios de verbas.
02) Padres - defender o vilão comove mais do que ajudar o
vitimado.
03) Seguradoras - a venda de seguros prolifera.
04) Indústrias - aumentam escoamento da produção de novos
objetos para substituir os furtados.
05) Bancos - comandam ou financiam seguradoras.
06) Mídia - noticias sobre boas ações não entusiasmam os
leitores e ouvintes. Vende-se mais se a vítima for uma personalidade.
07) Polícia - maus policiais aumentam sua renda através das
propinas.
08) Oposição - este é um prato cheio para atacar o governo
perto das eleições.
09) Governo - tem mais um motivo para pedir empréstimo no
exterior.
10) Miseráveis - torcem para que a classe média caia no
buraco com eles.
11) Hospitais - aumenta a demanda, propiciando novas
“licitações”.
12) Laboratórios - pegam carona com os hospitais.
13) Funerárias - se mantém vivas com a morte em alta.
14) Escolas particulares - apregoam segurança em suas
instalações para justificar aumento das mensalidades.
15) Ferramentarias - a venda de grades vai de vento em popa.
16) Firmas eletrônicas - atrás das grades, vem um circuito
interno de tv.
17) Advogados - tem
processos para defender durante os próximos 20 anos.
18) Abutres estrangeiros – reforçam sua tese de que somos um
país de selvagens e que não merece ser ouvido nas decisões mundiais.
Dentro de 30
segundos você vai começar a acreditar que a violência é a mola que vai
impulsionar este país, aumentando a produção e criando novos empregos para a
população desesperada e sem esperança de dias melhores! E não está longe de ser
verdade, pois o comércio de armas e drogas movimenta mais de R$ 1 BI por ano
apenas no eixo Rio-SP.
E assim vamos
sendo levados como rebanhos sem termos certeza de voltarmos vivos para casa a
cada dia. Armadilhas mortais são colocadas em nossos caminhos a cada esquina.
Quando morrem trabalhadores humildes e algumas famílias ficam ao relento sem
sustento, não recebem visitas de comissões de ONGs de direitos humanos para
averiguar o que está sendo feito para acabar com isto. Quando um facínora morre
em condições violentas, estas entidades (apoiadas por vários padres
"protetores de criancinhas") aparecem na mídia como grandes
defensoras dos "direitos do cidadão". Mas como nada se faz, este
modelo de vida deve ser muito agradável para o povo que se diz oprimido mas se
satisfaz com cigarro, cerveja, novelas fúteis, Big-bobo-Brasil-n, samba e mulheres
quase nuas nas propagandas da tv.
E quem é contra
isto? Os poucos trabalhadores, inocentes
úteis que sustentam uma grande corja de canalhas e golpistas que se instalaram
no poder há décadas. A cada pleito, apenas servem de coadjuvantes na novela
cujo final feliz sempre premia os membros da elite patrocinadora das campanhas
eleitorais.
Este quadro nos
está levando para uma futura convulsão social. Será que as autoridades do país
não percebem isto? Seus assessores (são
dezenas) não lhes passam as noticias sobre as penúrias que este povo
sofre? Vão continuar a levar sustos após
verem o programa "fanático" no domingo? Ou já possuem algum bom esquema de fuga e
pouco se importam com o fim da paciência da população, que certamente redundará
em conflitos entre irmãos? Não basta ficarmos passeando em volta da lagoa com
camiseta branca gritando "Viva Ri(c)o". Temos de investir duas horas
por semana (no mínimo) já dentro do condomínio, onde nossos jovens vagueiam
dentro das gangs que se formam apenas para furtar carros dos moradores e usarem
drogas para encherem suas cabeças sem esperanças. Deste segmento já corroído
pelas drogas malditas, não surgem idéias para aumentar o nível de qualidade de
vida das comunidades que gravitam em torno dos luxuosos condomínios que se
iludem com a “segurança” pela qual pagam caro e pouco recebem de volta.
O irônico deste
fato, é que as maiores violências são efetuadas com canetas nos gabinetes da
Côrte, quando medidas provisórias e permanentes são editadas, contratos escusos
são assinados com empreiteiras, cheques fantasmas são descontados aos domingos,
leilões-doações são encenados, “mensalões” são colocados na “pizzaria” do
Planalto e desvios de verbas são efetuados sem que os mentores de tais atos
(mesmo conhecidos) sejam penalizados. Este conjunto de fatos leva o povo daqui
ao desespero perdendo o sentido de cidadania. Quando um fato chocante consegue
agrupar uma boa parcela do povo numa ação que poderia servir como balizador de
futuras atitudes similares, fabricam algum novo escândalo para ocupar as
manchetes dos noticiários. Serve algo como meia dúzia de crianças desaparecidas
em hospitais, idosos falecidos em clínicas suspeitas, queda das bolsas de
valores no extremo do planeta, romance de presidente estrangeiro com dançarina
de 17 anos ou explosivos em torres de energia, que podem ocasionar a perda da
novela diária. E assim, o fato importante, que deveria mobilizar a Sociedade na
busca integrada de seus direitos, é convenientemente colocado em segundo plano
até ser esquecido pela comunidade.
Para levar a
galera no "bico", as autoridades gastam verbas editando panfletos
sobre segurança, contendo incoerências do tipo: "no momento do tiroteio,
não deixe sua cabeça de fora. Não seja curioso, pois uma bala perdida pode
encontra-lo!" - mais à frente, orienta para que se "forneça a placa
de carro, o tipo físico do atirador, o modelo da arma" - mas como ? Não estava com a cabeça escondida?
Que tal editar cartilhas a serem aplicadas
nas escolas de base, onde crianças ainda sem vícios graves de comportamento
possuem alto potencial de captar e reter orientações no sentido de praticar
cidadania honesta? Que tal manter presos todos aqueles que desviam as verbas
sociais e recuperar os valores aos cofres públicos? Seria um exemplo
fortificante para sustentar as palavras que se perdem com as ações
contraditórias e hipócritas.
Ouvimos
declarações de governantes afirmando que não é possível colocar um policial em
cada esquina. Os moradores do lugar já sabem disto. Sabem que não é inaugurando
um presídio por semestre que a violência será reduzida. Também não é possível
ter um gari em cada esquina. Nem um médico a cada quarteirão. Todos sabem que é
preciso atacar os problemas nas origens. Violência se combate com educação
básica e profissional, procurando ocupar os jovens de forma que tenham a
possibilidade de transformar seus ideais em realidade. Limpeza urbana se
consegue evitando que a população suje o lugar onde mora e transita. Para que
se torne hábito, tem de ser ensinado nas escolas, desde cedo. Com multas (não
perdoadas) aos infratores. Redução de doenças vem em função dos hábitos de
limpeza periódica.
Em paralelo aos
ensinamentos oferecidos nas escolas as autoridades devem criar (e usar)
mecanismos que evitem entrada de armas no país, evitar fabricação de remédios
falsos, impedir que os golpistas arrombem os cofres públicos usando suas
imunidades, manter a coleta regular de lixo e outras dezenas de obrigações para
as quais estas autoridades são pagas para administrar. Podem experimentar
prender os mentores e praticantes de atos que prejudiquem a coletividade. Isto
daria uma injeção de ânimo, confiança e esperança aos moradores do país, que
assim, passariam a juntar as peças para montar sua identidade ainda
fragmentada. Não adianta ficar espancando camelôs na Rua Uruguaiana para exibir
no jornal das sete.
Se parece tão
fácil, por que não se faz? Simples! Mantendo-se o caos, cria-se o desespero em
diversos segmentos da população. Cada nicho carente serve de curral eleitoral
para os que precisam justificar sua permanência no poder. Se entidades sérias,
apoiadas pela mídia independente (rara) comandassem um movimento similar ao que
derrubou Collor, nosso problema poderia ser minimizado em menos de um ano. Mas
dentro do cenário de interesses, conflitos e vaidades entre os poucos
interessados na solução curta (ou média), com sorte teremos resultados em 99
anos.
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