quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Porque só o Vasco da Gama?



Tudo bem que os clubes cariocas de futebol estão no topo do ranking de dívidas com impostos e contribuições, conforme revela pesquisa feita pela Pluri Consultoria, que atua no setor esportivo. Os quatro grandes do Rio devem, juntos, R$ 966 milhões em tributos, o que representa, aproximadamente, 52% dos cerca de R$ 1,9 bilhão devidos pelos 14 times com maiores receitas do Brasil. No topo da lista aparece o Botafogo, com uma dívida de R$ 318 milhões.

Mas fazer do Vasco da Gama o bode expiatório do processo é uma coisa muita estranha.

No levantamento, calculado a partir dos balanços relativos ao ano passado, a Pluri considerou as dívidas ligadas à Timemania - loteria criada pelo governo federal para dar aos clubes a receita necessária para pagar os atrasados - e os impostos de fora do âmbito da Timemania. "Isso indica que o processo de crescimento das dívidas de impostos dos clubes continua ocorrendo mesmo após a renegociação das dívidas ocorridas com a Timemania em 2007", conclui o relatório.

A segunda maior dívida é do Flamengo, que totaliza R$ 258 milhões, perseguido de perto pelo Fluminense, que chega a R$ 220 milhões. Na quarta colocação está um clube de Belo Horizonte, o Atlético-MG, com R$ 187 milhões de impostos e contribuições a pagar, seguido por outra agremiação carioca, o Vasco da Gama, com R$ 170 milhões de dívidas.

O primeiro clube paulista a aparecer na lista é o Corinthians, na sexta posição, com R$ 133 milhões devidos em impostos e contribuições.

Na sequência aparecem Internacional (R$ 127 milhões), Santos (R$ 108 milhões), Grêmio (R$ 91 milhões), São Paulo (R$ 62 milhões), Palmeiras (R$ 61 milhões), Cruzeiro (R$ 57 milhões), Coritiba (R$ 56 milhões) e Atlético Paranaense (R$ 6 milhões).

O Vasco, que briga na Justiça, por meio de recursos, para reaver pelo menos parte do dinheiro penhorado para a Receita Federal. Há três meses 100% das cotas dos patrocinadores e de TV (algo entorno de R$ 5 milhões por mês) não entram nos cofres de São Januário, segundo o departamento jurídico. No total, o clube deve à Fazenda cerca de R$ 60 milhões de impostos não recolhidos ao longo dos anos.

Como consequências, novamente o atraso nos salários de jogadores e funcionários, o não pagamento de premiações, o corte de água da sede e outras contas atrasadas. Para não afundar ainda mais na crise financeira, alguns empréstimos com os chamados vascaínos ilustres, com bancos, e até com CBF e a Ferj. Além da bilheteria, que não tem sido boa com a queda do time. E a situação pode piorar. Outros acordos feitos na Justiça já começam a atrasar, como o caso do Vasco/Barra, e se o pagamento não for feito em 90 dias, o clube terá de pagar multa.

A Receita Federal entrou com sete ações contra o clube na Justiça e ganhou todas elas com a mesma decisão: penhora total das receitas. O departamento jurídico do clube contesta a decisão e pede parcelamento da dívida em R$ 400 mil mensais. Porém, a Fazenda quer parcelas de R$1,2 milhões, para zerar a dívida em poucos anos. Os advogados do Vasco aguardam os julgamentos dos recursos, mas não há prazos nem certeza se a situação será revertida.

- Em todos os casos cíveis que temos, a jurisprudência é penhorar 5% das receitas. Só a Justiça Federal tomou essa decisão. Estamos com vários recursos questionando o pagamento integral. Se todo mundo quiser receber tudo de uma vez só o clube vai quebrar - alertou Marcelo Macêdo, um dos advogados contratados pelo clube.

A crise já ultrapassou a mesa da presidência e afetou o campo, apesar de o presidente Roberto Dinamite não acreditar na interferência direta no futebol. As reclamações mais explícitas dos jogadores são evitadas nas entrevistas coletivas, mas é fato que ninguém no grupo do Vasco está satisfeito com os problemas financeiros e as promessas não cumpridas pela diretoria. Une-se a isso a crise técnica do time, que não vence há cinco partidas, e caiu para a sétima posição no Brasileiro. Resultado: um ambiente de treino que tenta não ser de fim de festa.


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