
Tudo bem que os clubes cariocas de futebol estão no topo do ranking de
dívidas com impostos e contribuições, conforme revela pesquisa feita pela Pluri
Consultoria, que atua no setor esportivo. Os quatro grandes do Rio devem,
juntos, R$ 966 milhões em tributos, o que representa, aproximadamente, 52% dos
cerca de R$ 1,9 bilhão devidos pelos 14 times com maiores receitas do Brasil.
No topo da lista aparece o Botafogo, com uma dívida de R$ 318 milhões.
Mas fazer do Vasco da Gama o bode expiatório do processo é uma coisa muita estranha.
No levantamento, calculado a partir dos balanços relativos
ao ano passado, a Pluri considerou as dívidas ligadas à Timemania - loteria
criada pelo governo federal para dar aos clubes a receita necessária para pagar
os atrasados - e os impostos de fora do âmbito da Timemania. "Isso indica
que o processo de crescimento das dívidas de impostos dos clubes continua
ocorrendo mesmo após a renegociação das dívidas ocorridas com a Timemania em
2007", conclui o relatório.
A segunda maior dívida é do Flamengo, que totaliza R$ 258
milhões, perseguido de perto pelo Fluminense, que chega a R$ 220 milhões. Na
quarta colocação está um clube de Belo Horizonte, o Atlético-MG, com R$ 187
milhões de impostos e contribuições a pagar, seguido por outra agremiação
carioca, o Vasco da Gama, com R$ 170 milhões de dívidas.
O primeiro clube paulista a aparecer na lista é o
Corinthians, na sexta posição, com R$ 133 milhões devidos em impostos e
contribuições.
Na sequência aparecem Internacional (R$ 127 milhões), Santos
(R$ 108 milhões), Grêmio (R$ 91 milhões), São Paulo (R$ 62 milhões), Palmeiras
(R$ 61 milhões), Cruzeiro (R$ 57 milhões), Coritiba (R$ 56 milhões) e Atlético
Paranaense (R$ 6 milhões).
O Vasco, que briga na Justiça, por meio de recursos, para reaver pelo
menos parte do dinheiro penhorado para a Receita Federal. Há três meses 100%
das cotas dos patrocinadores e de TV (algo entorno de R$ 5 milhões por mês) não
entram nos cofres de São Januário, segundo o departamento jurídico. No total, o
clube deve à Fazenda cerca de R$ 60 milhões de impostos não recolhidos ao longo
dos anos.
Como consequências, novamente o atraso nos salários de
jogadores e funcionários, o não pagamento de premiações, o corte de água da
sede e outras contas atrasadas. Para não afundar ainda mais na crise
financeira, alguns empréstimos com os chamados vascaínos ilustres, com bancos,
e até com CBF e a Ferj. Além da bilheteria, que não tem sido boa com a queda do
time. E a situação pode piorar. Outros acordos feitos na Justiça já começam a
atrasar, como o caso do Vasco/Barra, e se o pagamento não for feito em 90 dias,
o clube terá de pagar multa.
A Receita Federal entrou com sete ações contra o clube na
Justiça e ganhou todas elas com a mesma decisão: penhora total das receitas. O
departamento jurídico do clube contesta a decisão e pede parcelamento da dívida
em R$ 400 mil mensais. Porém, a Fazenda quer parcelas de R$1,2 milhões, para
zerar a dívida em poucos anos. Os advogados do Vasco aguardam os julgamentos
dos recursos, mas não há prazos nem certeza se a situação será revertida.
- Em todos os casos cíveis que temos, a jurisprudência é
penhorar 5% das receitas. Só a Justiça Federal tomou essa decisão. Estamos com
vários recursos questionando o pagamento integral. Se todo mundo quiser receber
tudo de uma vez só o clube vai quebrar - alertou Marcelo Macêdo, um dos
advogados contratados pelo clube.
A crise já ultrapassou a mesa da presidência e afetou o
campo, apesar de o presidente Roberto Dinamite não acreditar na interferência
direta no futebol. As reclamações mais explícitas dos jogadores são evitadas
nas entrevistas coletivas, mas é fato que ninguém no grupo do Vasco está
satisfeito com os problemas financeiros e as promessas não cumpridas pela
diretoria. Une-se a isso a crise técnica do time, que não vence há cinco
partidas, e caiu para a sétima posição no Brasileiro. Resultado: um ambiente de
treino que tenta não ser de fim de festa.
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