Dr. Mario Peres
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ESCRITO
POR MARIO PERES EM 17/05/2009. PUBLICADO EM CEFALEIAS, DORES DE CABEÇA,
ENXAQUECA, MEDICAMENTOSOS, PERGUNTAS FREQUENTES, TRATAMENTOS
Muitas
opções de tratamento para enxaqueca, cefaleias, dores de cabeça existem. Remédios
para dor de cabeça podem ter dois focos principalmente: prevenção e tratamento
da crise. O conceito mais importante do tratamento da enxaqueca é o preventivo,
mas quem sofre de dor de cabeça acaba pensando mais nos analgésicos para
diminuir ou cortar a dor na hora que ela aparece, e o tratamento muitas vezes
não evolui por esta razão, porque a causa da dor de cabeça não foi atingida, e
sim apenas a consequência do processo da enxaqueca. As dúvidas sobre os
remédios para tratar a enxaqueca ocorrem tanto no tratamento preventivo como
agudo.
Os
medicamentos preventivos mais usados são da classe dos neuromoduladores
(chamados anteriormente de anticonvulsivantes, topiramato e divalproato),
antidepressivos (amitriptilina, nortriptilina, venlafaxina, inibidores de
recaptação de serotonina), beta-bloqueadores (atenolol, propranolol,
metoprolol, nadolol) ou bloqueadores do canal de calcio (flunarizina). Estas
classes são as mais recomedadas nos consensos e guidelines de tratamento de
sociedades de especialidade, mas outras classes podem ser usadas também como
antihipertensivos (candesartan, lisinopril), vitaminas e minerais (melatonina,
riboflavina, coenzima q10, magnésio), fitoterápicos (petasitis hibridus,
tanacetum parthenium), toxina botulínica, neurolépticos (olanzapina,
quetiapina, aripiprazol, clorpromazina)
Os
analgésicos podem ser de diversos compostos, as classes de medicamentos para
tratamento agudo são os analgésicos simples (paracetamol, dipirona),
antiinflamatórios (naproxeno, diclofenaco, inibidores de cox-2, ketorolaco,
ibuprofeno, tenoxicam), ergotaminas, triptanos (rizatriptano, sumatrpitano,
zolmitrpitano, naratriptano). Com cautela e absoluto rigor de controle médico,
a terapêutica com opióides pode ser uma alternativa a ser considerada.
Vejamos
os questionamentos mais frequentes.
1.
ESTE REMÉDIO ENGORDA?
A
preocupação com o peso é uma verdadeira fobia na nossa sociedade, mais enfática
na mulher, há uma verdadeira corrida à perda de peso, regimes, dietas se
proliferam. Qualquer tratamento que seja iniciado para a prevenção da enxaqueca
deve considerar-se a aderência do paciente. Se um medicamento tem um perfil de
aumentar o peso, as chances de o tratamento ser descontinuado, do paciente
parar o remédio é grande. O médico deve monitorar o peso do pacienteno
tratamento, pesar na primeira consulta e nos retornos de reavaliação do quadro.
Alguns remédios realmente apresentam um potencial para aumentar o peso do
paciente, ou por aumentar a fome, ou por obstipação intestinal (intestino
preso), e restrição de líquidos. Há medicamentos com mais potencial para
aumento de peso, alguns remédios com menos chance, outros tratamentos neutros
para mudança do peso, e ainda há a opção de um medicamento que possa diminuir o
peso. A flunarizina é a que mais aumenta peso, seguida dos antidepressivos
tricíclicos (amitriptilina), e do divalproato. O topiramato é um medicamento
que pode diminuir o peso, pois controla a compulsão alimentar, o ataque voraz a
alimentos, como doces, chocolate.
O
paciente com enxaqueca deve ser orientado a fazer exercícios físicos que vão
favorecer o controle da dor e também ajudar à perda de peso. Mesmo que a
escolha do medicamento seja algum com potencial de aumento de peso, a pessoa
deve se cuidar para não deixar o ingesta de calorias na dieta aumentar e também
fazer exercícios físicos. Muito cuidado com os remédios para regime, pois
muitos pioram a dor de cabeça, podem agravar a irritabilidade, ansiedade, gerar
insônia, tremores. Sibutramina e anfetaminas não são recomendadas em pacientes
com dor de cabeça recorrente, pois podem agravar muito a dor, crises de dor de
cabeça podem aparecer mais fortes e mais frequentes.
2.
VOU FICAR DEPENDENTE DO MEDICAMENTO? VOU TER QUE TOMAR ESTE REMÉDIO PARA O
RESTO DA VIDA ?
Não,
o uso de qualquer dos medicamentos preventivos para enxaqueca e outras dores de
cabeça não causa dependência. O que ocorre é uma resposta boa, o remédio
funciona e o paciente por conta própria decida parar o remédio precocemente, e
aí a dor realmente volta, pois não foi feito adequadamente o tratamento. Isto
não quer dizer dependência e sim eficácia do tratamento. Costumamos
exemplificar tratamentos da enxaqueca com paralelos a outros tratamentos na
medicina. Uma coisa que não ocorre na enxaqueca é o padrão de tratamento com antibióticos,
toma-se um remédio por 2 semanas ea infecção está curada, com a enxaqueca isto
simplesmente não funciona, os tratamentos devem ser mais prolongados. O padrão
mais semelhante é o tratamento da hipertensão arterial, pressão alta, ou da
depressão. O hipertenso ou diabético não é dependente do remédio, e sim faz um
tratamento para controlar o seu problema de saúde,se ele não tomar o remédio
pode mesmo agravar o seu problema, mas estenão é o conceito de dependência.
Os
sofredores de enxaqueca sempre perguntam se o tratamento deverá ser realizado
para o resto da vida, a resposta é não, mas não há um prazo limitante para
parar o tratamento. De novo lembrando dos tratamentos de hipertensão, depressão
ou diabetes, se a pessoa perder peso, ou fazer exercícios físicos, ou fazer
psicoterapia, o remédio pode ser diminuído e eventualmente retirado, esta
retirada deve ser julgada pelo médico pois é mais complexo retirar um remédio
do que iniciá-lo. Portanto, é fundamental que o paciente com enxaqueca se envolvano
tratamento e inicie alguma medida não medicamentosa como controle dos
desencadeantes, sono regular, exercícios físicos, psicoterapias e outros.
3.
VOU FICAR SEDADA(O) , SONOLENTA(O) COM ESTE REMÉDIO?
Alguns
remédios para dor de cabeça, tanto preventivos quanto analgésicos para
crisespode dar sono. O paciente deve ser alertado pois o início do tratamento
pode necessitar de uma paciência para que ocorrauma adaptação. Antidepressivos
tricíclicos como a amitriptilina, nortriptilina, e outros antidepressivos como
a trazodona e mirtazapina podem dar sono. É frequente que com a enxaqueca
ocorra uma dificuldade com o sono, ou uma demora para pegar no sono, ou manter
o sono durante a noite, ou mesmo um sono não reparador, quando o paciente
acorda cansado. Nestes casos a escolha de um tratamento preventivo que cause
mais sono é adequada.
Há
outros medicamentos na hora do dor que podem causar sono, como os compostos que
contenham relaxantes musculares, muitos destes remédios contém também cafeína,
o que pode reverter esta sonolência. A própria dor de cabeça faz com que a
sonolência possa aparecer, independente do remédio.Triptanos (rizatriptano,
sumatrpitano, zolmitrpitano, naratriptano) podem cusar raramente sono após sua
ingesta mas está relacionada a melhora da dor, ou seja, há um relaxamento após
a crise passar. Deve ser tomado um cuidado com os remédios que contenham
cafeína ou outros estimulantes como o isometepteno (neosaldina), pois o
paciente pode ter insônia, ou mais ansiedade com a ingesta excessiva do
medicamento. Lembrar que o isometepteno é considerado doping esportivo pelo seu
efeito estimulante.
4.
POSSO BEBER ÁLCOOL COM ESTE MEDICAMENTO?
Bebida
alcoólica pode por si só causar dor de cabeça, quando se receita um medicamento
preventivo, deve se ter um cuidado especial com o efeito do alcool, se a
cefaléia é desencadeada frequentemente após o uso de álcool este deve ser
retirado, ou minimizado. Quanto às interações com medicamentos temos o efeito
na mucosa do estômago quando associado ao uso de antiinflamatórios. A digestão
de alimentos e metabolização de remédios compete com o álcool no fígado, então
seu efeito é dose dependente, ou seja, quanto mais uso de álcool pior o efeito
colateral. Pode ocorrer também mais tontura, enjôos, sonolência com o uso de
álcool. Não vai explodir nada no organismo com o consumo de alguma bebida, uma
dose de destilado, ou uma lata de cerveja, ou uma taça de vinho não é
ameaçadora a vida da pessoa, mas o melhor é, sem dúvida, evitar.
5.
SE TOMAR ANALGÉSICOS DEMAIS POSSO TER COMPLICAÇÕES? ESTE REMÉDIO ATACA O FÍGADO
OU ESTOMAGO?
Uso
excessivo de remédios analgésicos podem causar um série de complicações.
Antiinflamatórios podem gerar gastrite, esofagite, e até sangramentos
digestivos se usados abusadamente e sem recomendação e acompanhamento. O fígado
pode ser sobrecarregado com muitos analgésicos, as pessoas podem questionar se
o uso de remédio preventivo pode afetar o fígado, mas não se importa com a
quantidade de analgésicos que toma. Os remédios preventivos não são lesivos ao
fígado, o divalproato pode raramente afetar o fígado elevando as enzimas
hepáticas, e eventualmente estas enzimas podem ser monitoradas periodicamente.
O
uso abusivo de analgésicos causa cefaleia rebote, quer dizer que se a tomada de
analgésicos for frequente, diária ou quase diária, a dor de cabeça pode
aparecer por causa da tomada de analgésicos. Os analgésicos que contém cafeína
podem gerar insônia, tremor, ansiedade e agravar também a dor de cabeça.
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